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Desemprego: vai continuar subindo

O desemprego subiu de 8,2% em janeiro para 8,5% em fevereiro. É a maior taxa desde abril do ano passado. Na comparação com fevereiro de 2008 está 0,2 ponto percentual menor. O resultado de hoje foi melhor do que previa parte do mercado, mas isso não significa que o cenário seja positivo. Pelo contrário, o desemprego vai crescer este ano, e vai crescer fortemente.

Como afirmou à coluna Panorama Econômico o economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão, que é um dos maiores especialistas em mercado de trabalho do país, o desemprego pode alcançar 13% até o final do ano. Foi isso que apontou uma das simulações do economista, num pior cenário.

“Supondo que a geração de emprego formal se comporte no restante deste ano como se comportou na média entre 2000 e 2008, a taxa de desemprego aberto atingiria 13% da força de trabalho em meados de 2009 e fecharia o ano em 12%. Se for similar a 2005-2008, a taxa de desemprego chegaria a 12% em meados de 2009 e terminaria o ano em 11%”, disse ele.

O problema todo é que a produção industrial despencou e cairam forte também as exportações e as importações. Isso sinaliza que tanto a demanda interna quanto a externa estão mais fracas. Cenário propício para redução da força de trabalho por parte das empresas.

Como explicou Camargo, o melhor remédio para o problema ainda não foi adotado pelo governo: redução drástica do custo da folha de pagamentos, ou seja, redução de impostos sobre o custo do trabalho. Isso não só ajudaria a evitar novas demissões como também estimularia a criação de novas vagas. Tem efeito imediato e é muito mais relevante do que a redução de impostos para setores que possuem lobbies forte, como é o caso da indústria automobilística.

“Como no Brasil os impostos sobre a folha de pagamentos correspondem a 45%, reduzir esse imposto é a melhor política. Diminuiria a redução do salário do trabalhador, ou evitaria a queda, reduziria o custo da mão de obra, reduziria o aumento do desemprego e da informalidade. O ideal seria isso: concentrar os recursos em redução do imposto sobre a folha salarial”, afirmou.

E por que isso não acontece? De novo entram as pressões de grupos que tem influência política dentro o governo. Parte dos impostos da folha de pagamento são destinados à manutenção do Sistema S, e também são direcionados a sindicatos, confederações de trabalhadores, e até mesmo à Fiesp e à CNI.

Do jeito que está, os impostos sobre a folha de pagamento estimulam as demissões. A empresa que possuem muita máquina e pouca gente para produzir, tem benefício. Quem tem pouca máquina e muita gente, é penalizado.

Fonte: Miriam Leitão

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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