MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Fui provocado pela crônica “A Sofisticação da Simplicidade!” do intelectual gaúcho José Carlos Bortoloti, citando a lápide de Charles Dickens na Abadia de Westminster, “Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos”.
Sinto uma profunda admiração por Dickens, o romancista inglês da Era Vitoriana cuja obra, de conteúdo clássico atemporal, conquistou o mundo. Ele criticava o que via como hipocrisia religiosa e queria o cristianismo focando na caridade e na compaixão para com a pobreza.
É impossível desconhecer seus livros “Oliver Twist”, “Um Conto de Natal“, “David Copperfield“, “Grandes Esperanças“, e “Um Conto de Duas Cidades”…. É triste nunca ter lido o clássico natalino, “Um Conto de Natal”, para conhecer os três fantasmas de natais, passado, presente e futuro, que visitam o avarento Ebenezer Scrooge mostrando-lhe as consequências de suas ações malévolas e oferecer uma chance de redenção.
Gosto de reverenciar os meus mortos, como fez o poeta mexicano Amado Nervo no seu poema “Mis Muertos”: “Yo estoy unido con mis muertos,/ que en posición horizontal contemplan/ el callado misterio de la noche/ y oyen el ritmo de las diamantinas/ constelaciones en el negro espacio”.
Recordo meus pais e meus parentes da geração deles que se foram; os amigos que reconheci por onde andei ao longo da vida, e também os que admirei pelos discursos, escritos, poesias, pinturas e interpretações teatrais.
Não é coisa que a idade avançada plantou na minha cabeça. Ainda jovem, aos 17 anos, recebi de presente da minha mãe e da minha madrinha uma passagem aérea de ida e volta à Paris, financiando hospedagem e alimentação por 11 dias….
Saltando no Aeroporto Internacional Orly, peguei um táxi e fui direto ao Père-Lachaise, histórico cemitério parisiense; lá procurei o túmulo de Voltaire, ídolo do salto que dei da criancice para a adolescência; quis comprovar o que ouvira sobre o epitáfio que ele próprio sugeriu: “O homem é o único animal que sabe que vai morrer um dia, triste destino!”
As principais religiões do mundo concebem a morte diferenciadamente; No Ocidente, o conjunto dominante judaico-cristão-islâmico, de raízes semíticas e estrutura teológica semelhante, entendem a morte como a separação entre corpo e alma, seguida de julgamento divino e destino final.
Principal vertente do cristianismo, a Igreja Católica Apostólica Romana tem como dogma que a morte foi transformada pela ressurreição de Cristo: ela deixa de ser derrota absoluta e torna-se entrada na vida eterna.
Amplamente difundido no Brasil, o espiritismo kardecista vê a morte como retorno ao mundo espiritual, com continuidade da consciência e aprendizado. Nas outras religiões espiritualistas de origem africana e de tradições indígenas, a morte representa reintegração ao cosmos e convivência com ancestrais.
Predominante no Oriente, o budismo vê a morte como uma etapa transitória marcada pela impermanência e pelo renascimento, cuja superação plena ocorre no nirvana, e, no hinduísmo, a morte integra o ciclo de samsara, no qual a alma renasce até alcançar a libertação espiritual (moksha).
Assim, apesar das diferenças, predomina a ideia de que a morte não é um fim, crendo na continuidade e sentido corporal para além da vida física. Não me parece tão desigual com o Livro dos Mortos, escrito por volta de 1470 a.C no antigo Egito….
Temos conhecimento da morte com ritual suicida tradicional no Japão, chamado seppuku ou haraquiri, praticado pela classe dos samurais para restaurar a honra…. E no Ocidente, o suicídio é interpretado em termos de sofrimento psicológico, depressão ou falta de apoio, sendo raríssimos os casos em que a vergonha é o fator.
Tivéssemos no Brasil a cultura da vergonha os poderes republicanos, Executivo, Judiciário e Legislativo se transformariam em cemitérios, graças a suicídios amplos, gerais e irrestritos….
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