Lula desdenhou a crise, que chamou “marola”
MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br
Com inteligência incomum, o pauteiro do jornal televisivo da TV – Record pediu o levantamento da venda d’ O Capital, de Karl Marx, de setembro para cá. Segundo a reportagem, um recorde. Segundo a Editora, 180 exemplares saíram no mês passado e nos primeiros 20 dias do mês corrente, 200.
Imagino que os livros estavam encalhados. Tenho comprado relíquias dos teóricos marxistas ou críticos de Marx nos sebos de Natal, São Paulo e Rio de Janeiro, porque a esquerda autêntica saiu de moda.
Mas a crise do capitalismo chamou de volta o seu maior crítico que, aliás, tem a sua marca no melhor plano apresentado para combater as mazelas do estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.
Os caprichos da economia enquadram o mercado – até então todo poderoso – num novo visual, resultante da fragilidade do sistema financeiro e das interinfluências governamentais. Assim nasce um filho híbrido da ortodoxia marxista d’ O Capital e o “laissez faire” de Adam Smith.
Para curar a crise, o social-capitalismo é o remédio que surgiu no Reino Unido receitado pelo ministro da economia britânico, Gordon Brown, com a compra de US$ 25,7 bilhões em ações ordinárias e abrindo a perspectiva de adquirir outros US$ 6,8 bilhões em ações preferenciais.
O maior crítico da política econômica do governo Bush, o colunista do New York Times, Paul Krugman, que abiscoitou o Prêmio Nobel de Economia deste ano, apressou-se a elogiar o Plano Brown, considerando o seu criador de “genial”.
Depois disso, não demorou a resistência dos neoliberais que dão as cartas de Wall Street: Esta semana (no dia 20) o chefe do FED – Banco Central norte-americano – propôs um “pacote” para incentivar o consumo e assim recuperar a credibilidade popular.
Alguns articulistas da imprensa mundial falam da queda de um muro em New York (com referência ao Muro de Berlim). Como se vê, estamos assistindo um tsunami varrer a praia do capitalismo. Bancos e seguradoras vão à falência, as bolsas oscilam incontroláveis e os bancos centrais intervêm.
Aqui no Brasil, o genial guia dos pelegos sindicais e intelectuais uspeanos, disse – com todas as letras – que a crise financeira não passava de uma “marola”. E que o Brasil não sofreria conseqüências. A gente vê, diante disso, a falta que nos faz um verdadeiro estadista.
Alguém que pelo menos tivesse estudado os regimes liberais do século 20 e os sistemas jurídicos que regulamentaram e ampararam o regime capitalista estando hoje superados. Lula não sabe disso e o que fala e o que faz entra no ouvido esquerdo através de Palocci e no ouvido direito por Henrique Meirelles.
Dessa maneira o Brasil vai cego para a maratona disputada mundialmente pelo poder político e o poder financeiro, tal e qual Marx anunciava no século retrasado.
Puxado pela mão de outros, Lula ignora que o grande prêmio da corrida é o controle estatal da economia. E também não sabe qual dos contendores é o favorito e qual é a recompensa. Lula desconhece e não tem a humildade de reconhecer, que o poder político deve fechar cofre enquanto o poder financeiro exige dinheiro e a prerrogativa de avaliação própria dos ativos patrimoniais.
Subestimando a recessão que ameaça o planeta, o Presidente esconde sua incapacidade e a incompetência do PT-governo. Em vez de aconselhar a poupança, Lula incentiva o povo a consumir como se nada estivesse acontecendo, e inconsequentemente fala das reservas de US$ 200 bilhões, coisa ridícula diante das reservas chinesas de US$ 3 trilhões!
Os chineses, que estudaram Marx, não brincam com economia. O Estado chinês segura firmemente o consumo interno, despreza o resgate de papéis podres e fecha as portas para o dinheiro de mentirinha que está rolando pelo mundo. Por isso, fez o que pouca gente acreditava que fizesse: interveio em Hong Kong.
O social capitalismo foi bem aceito no PC chinês em nome do comunismo de mercado…
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