A solidão intelectual estimula o primarismo arrogante do presidente Lula, registrado no caso da compra dos aviões. Sua Excelência mais uma vez se precipitou – para chaleirar Sarkozi – ao anunciar o fechamento do negócio, de cima do palanque da parada militar de 7 de setembro.
Ficou difícil corrigir o açodamento na dupla direção tomada: a troca política com a França no plano internacional e a tentativa de conquistar a simpatia das Forças Armadas atiradas ao limbo nos primeiros sete anos de governo.
Este, porém, é o preço pago pela Nação que foi enganada ao eleger um bravateiro, acreditando nos princípios adotados pelo seu partido – hoje atirados ao lixo da História.
No caso da transação comercial com Sarkozi fica transparente para quem quiser ver que Lula está se lixando para a opinião pública. Não ouviu o Congresso, nem os militares, nem o conselho político, e sequer os ministros ligados ao setor. E os modelos escolhidos estão caindo no Mediterrâneo.
A Aeronáutica precisa de repor suas aeronaves e para isso até condecorou a primeira-dama, Marisa Letícia; mas precisa dizer o que quer. Também é indiscutível a precária situação do Exército e da Marinha, com recursos reduzidos. A força terrestre chega a mudar a agenda das atividades, reduzindo o horário para economizar o almoço da tropa.
Tudo isso, porém, não afasta o temor dos democratas com despotismo ensaiado pelo Presidente. A fraca oposição parlamentar não enfrenta o avanço do autoritarismo; a sociedade civil tem suas entidades cooptadas; o povo está entorpecido e desalentado; e os poucos intelectuais que protestam não atemorizam o poder.
Entretanto, parece ter-se iniciado uma marcha batida para o continuísmo, seja pela eleição da candidata oficial, seja pela instalação de uma ditadura populista. Lula serve muito bem às elites econômicas e financeiras através do homem do BankBoston, Henrique Meireles. E no plano da política burguesa, sob a regência do maestro Sarney.
O estranho é que Lula, reconhecidamente treinado na arte de mistificar chegue ao extremo de acabar com a decantada democracia interna do PT e exibir as vísceras apodrecidas do partido pela infecção licenciosa dos Sarney, Fernando Collor, Jáder Barbalho, Paulo Maluf e Renan Calheiros.
Neste bom conjunto, Lula e o PT cumprem a profecia de Darcy Ribeiro de que eles mostrariam um dia que são da esquerda que a direita gosta. Lembrando-se do presságio, Lula usa o contrabando ideológico da pelegagem e atacar como defesa e diz que as eleições de 2010 não terão os candidatos “trogloditas da direita”.
Como não se todos os “trogloditas da direita” são seus parceiros e aplaudem a candidatura que impôs ao seu partido? Troglodita é Lula e o seu sonho de se manter no poder pela esquerda fraudulenta a serviço da oligarquia financeira internacional.
Está aí o começo da privatização do Banco do Brasil que o PT-governo anuncia. Isso era para Alckmin fazer, lembram-se das denúncias nesse sentido feita por Lula na campanha reeleitoral? Correm os jornalistas chapa-branca a dizer que foi um improviso mal entendido…
Mas a apelegada exulta por usar as palavras-de-ordem “engana trouxa”; e os agitadores de aluguel recebem o argumento que poderão usar, classificando os adversários de pré-históricos da família dos sáurios, com autoridade de quem conhece História.
Ocorre que o quadro eleitoral que ele desenhou – um confronto plebiscitário entre o seu prestígio e o tucanato – borrou-se com a entrada de Marina Silva e de Ciro Gomes como candidatos. E a verdadeira disputa será entre seus antigos parceiros, cobrando ética, do que com os tradicionais opositores.
Lula deveria ser mais comedido no que fala, embora não se espere dele a altivez de um verdadeiro estadista. Ele está mais para crooner do conjunto de rap de Sarney, “Lula e seus trogloditas”.
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