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Protestos violentos e vaias muito  mais contundentes

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

Como o Brasil de hoje me faz lembrar Castro Alves, ao poetar “Quando das ruas se eleva/ Do povo a sublime voz/ um raio ilumina a treva (…)”, o poeta do patriotismo brasílico, está vivo entre nós!

As manifestações de protesto pelo efeito mais direto da inflação no bolso do povo, teem um quê de patriótico e do despertar da nossa gente, diante da enxurrada de promessas não cumpridas – e sempre repetidas, para ludibriar os desavisados.

Alguns otimistas prenunciam uma “Primavera Brasileira”, capaz de varrer os erros acumulados de há muito, que ficaram claros como cristais nos desacertos e na desonestidade da Era Lulo-petista, com incompetência, mentiras, roubalheira e a voraz fome pela manutenção do poder.

Quem sabe se o aprendizado democrático do protesto popular não será a faísca, de que falava Rosa de Luxemburgo, para incendiar uma revolução? O cenário está pintado com o realismo da crise econômica, que o irresponsável Lula classificou de ‘marolinha’, e com a crise política provocada pela inaptidão e falta de autoridade de Dilma.

A agitação que se multiplica com rapidez por todo território nacional deve-se, em grande parte, ao despontar de novas lideranças estudantis, independentes da pelegagem que se apossou da UNE e outras entidades de classe. A juventude é o tempero no caldeirão efervescente da insurreição inconsciente nascida de reivindicações diversas que estavam reprimidas na sociedade.

Caindo oito pontos percentuais na popularidade, e talvez mais, nas pesquisas nem sempre confiáveis, Dilma sofre o julgamento popular pelos desacertos da economia maquiada e remendada, com os pacotes que revelam a covardia em realizar as reformas necessárias ao País. E também pela mediocridade da ação política, como se assiste no balcão de negócios sujos instalado no Congresso Nacional.

Os protestos, principalmente no Rio e em São Paulo, trazem uma face negativa, por causa da reação diante de uma polícia truculenta. Isto, porém, não lhes tira a justeza da demonstração democrática, nem inibe o aplauso dos que os consideram fundamentais para as mudanças que a Nação precisa.

Àqueles que condenam as ações de rua apontando as bandeiras dos partidos extremistas de esquerda, PCO, PSOL e PSTU, exageram, porque essas organizações não mobilizam ativistas com intenção de ir às ruas para fazer baderna e depredações. Não. Alguém levantou, com propriedade, que o que ocorre é a indignação da massa desacostumada ao exercício democrático, enfrentando uma polícia treinada e acostumada ao desrespeito ao povo e à repressão irascível.

O termômetro que mede os protestos populares é a feira; é a carestia encontrada nas prateleiras dos supermercados e a própria queda das vendas no comércio, pela perda do poder aquisitivo do povo.

E isto se viu mais contundente na reclamação pacífica dos torcedores brasilienses vaiando a presidente Dilma no Estádio Mané Garrincha. na abertura da Copa das Confederações. E não foi por acaso; os presentes ao jogo Brasil x Japão aplaudiram tudo, a dedicação dos voluntários, a entrada dos jogadores e a execução dos hinos dos dois países.

Os apupos começaram ao ser anunciados a presença e os discursos do presidente da colonialista FIFA, Joseph Blatter, de Marín, presidente da CBF, e de Dilma, que não se encorajou a falar. Blater pediu ´fair play´ aos torcedores, o que incentivou o recrudescimento das vaias nas arquibancadas lotadas…

Por duas vezes Dilma foi vaiada quando anunciada oficialmente. Fechou a cara e resumiu seu programado pronunciamento a uma frase: “Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações FIFA 2013”.

Testemunhas oculares garantem que a Presidente saiu do Estádio com lágrimas nos olhos; e, sem dúvida, mereceu este constrangimento. Que isso seja motivo para ela venha a refletir sobre os equívocos políticos e econômicos na condução do seu governo.

Miranda Sá

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