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A NAVE DOS LOUCOS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Anjo: ‘A Justiça divinal/ nos manda vir carregados/ Porque vades embarcados/ nesse batel infernal’” (Gil Vicente – Auto da Barca do Inferno)

Não é fácil historiar a loucura através dos tempos com a diversidade das manifestações de doenças mentais, seu estudo e tratamento, variando no tempo e no espaço. Da Europa temos registros fragmentados, alguma literatura e representação pictóricas: de lá nos chegou o “Elogio da loucura”, de Erasmo de Rotterdam, humanista e teólogo, que ligou a loucura à religião.

Tivemos também o grande Miguel de Cervantes com sua contundente crítica ao feudalismo no seu Dom Quixote, sustentado pelas histórias das cruzadas; e as várias imagens de insanidade da nobreza desenhadas pelo insuperável William Shakespeare.

No salto da Idade Média para a Renascença, os dementes eram colocados em barcos e levados para destino ignorado; dizia-se que iam em busca da razão, mas na realidade era uma condenação à morte.

Era “a nave do loucos”, que foi retratada pelo pintor holandês Hieronymus Bosch em óleo sobre madeira e é exibido no Museu do Louvre, em Paris. Fico imaginando a literatura que será escrita e os quadros que serão pintados sobre as extravagâncias que as cenas da política brasileira nos oferecem.

Observe-se o desfile hilariante dos votos na Câmara dos Deputados sobre o impeachment de Dilma, as declarações abusivas do deputado direitista Jair Bolsonaro em memória do chefe do DOI-CODI em São Paulo, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o confronto tão inconveniente quanto do deputado esquerdista Glauber Braga elogiando Carlos Marighella.

Pronto para entrar na nau dos loucos está o deputado Jean Wyllys que iniciou a era das cuspidas quando se zanga; esse maluco já encontrou um seguidor, o ator Zé de Abreu, fanático lulo-petista, cuspindo num casal que fazia críticas ao PT num restaurante. Pior do que os dois, é o apresentador da Globo, Faustão, que deu guarida e elogio ao cuspir nos outros.

Na Câmara revela-se o procedimento insensato com o seu presidente, deputado Eduardo Cunha processado por quebra de decoro no conselho de ética, e mostrando um extraordinário escapismo no emaranhado de normas regimentais e outros malabarismos.

Disse Roberto Jefferson, que Cunha (a quem chama de ‘meu malvado favorito’) é o único político brasileiro capaz de enfrentar Lula da Silva, por possuir o mesmo mau-caratismo deste. Lula maneja sua marionete Dilma, enlouquecendo-a com animações bruscas e inconsequentes.

Inspirado no teatro lulo-petista de fantoches, o jornal “Hora do Povo” estampou uma manchete chamando Dilma de louca, sem qualquer reação do Palácio do Planalto; e esta falta de resposta tem sentido, pois nos corredores palacianos correm rumores da intensa variação de humor da Presidente.

Comenta-se no Planalto sobre o tratamento ríspido dado por Dilma a servidores e até a ministros. Isto lhe conferiu, à surdina, o apelido de D. Maria, uma referência à rainha de Portugal Maria I, que sofria de grave doença mental.

De público, Dilma também dá sinal de insanidade na sofreguidão com que se agarra ao poder através do mantra irracional do “não vai ter golpe” …  Está tresloucada com a baixíssima popularidade (7%), derrotas no STF e no TCU, e o impeachment que chega ao Senado.

O diagnóstico político de Dilma prescreve que não foi normal a ameaça de levar à ONU, na Conferência do Clima, um discurso se dizendo vítima de um golpe; recuou, mas dos EUA despachou o comissário bolivariano do Itamaraty “do B”, Marco Aurélio ‘Top-Top’ Garcia, para negociar apoios na OEA e Unasul.  Como não podia deixar de ser, Top-Top fracassou na missão.

No porto da obsessão psicótica, Dilma, ou D. Maria – A Louca –, espera pelo barco dos insensatos, resmungando que “não vai ter golpe” desnorteada com seus fracassos na economia, o desemprego crescente, cortes de verbas na Educação, caos na Saúde Pública e as fraudes na reforma agrária. No cais, cercando-a,  um bando malfazejo de imbecis invoca o mantra idiota da Doida contra as instituições republicanas do Brasil.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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