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Taça derretida – Guilherme Fiúza comenta

O técnico da Itália disse que a Copa das Confederações não tem a menor importância. Os brasileiros rebateram o jogo de dissimulação, mas não era nada disso. Marcello Lippi poderia ter dito mais: o futebol caminha para uma Copa do Mundo sem importância.

A importância da Copa respira com a ajuda dos aparelhos da propaganda. A comemoração, por exemplo, dos 39 anos da conquista da Jules Rimet — também num Brasil x Itália, de outro 21 de junho —, é uma das bravas tentativas de transfusão de emoção.

Nem é o caso de se comparar Pelé e Tostão com Kaká e Robinho, ou imaginar se a seleção de 70 poderia levar sufoco do Egito. Quem morreu foi o espírito. E a culpa não é de ninguém.

Por que Adriano, mais novo do que Pelé era em 70, não está na seleção? Basicamente, porque não quer. Pelé já tinha ganhado duas Copas, Adriano só perdeu uma. Enquanto Pelé queria levar o Brasil ao topo do mundo, Adriano quer um clube em que possa jogar sem treinar.

Além de já terem se enchido de dinheiro, mulheres e fama a essa altura do campeonato, os atuais selecionáveis não têm pátria. Ou melhor, têm: é o Real Madrid, o Milan, o Manchester, a Nike, a Brahma etc. Na Copa do Mundo, o campo adversário não tem adversários – só colegas de trabalho.

Não é difícil entender por que um Brasil x Itália não tem a importância de 70, e nunca mais terá. A Jules Rimet foi derretida pela ganância dos ladrões. Seu espírito foi derretido pelo tédio dos craques.

PS: Você ainda acredita em Copa do Mundo? Olhe para o técnico da seleção brasileira, e ouça Kaká chamando-o de “professor Dunga”. Nada é de verdade.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu
Temas: Seleção

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