Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
A corrente, onde bela se mirava…
“Ai, não me deixes, não!
“Comigo fica ou leva-me contigo”
“Dos mares à amplidão,
“Límpido ou turvo, te amarei constante
“Mas não me deixes, não!”
E a corrente passava, novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
“Ai, não me deixes, não!”
E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
“Ai, não me deixes, não!”
Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.
A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
“Não me deixaste, não!”
Gonçalves Dias
O Poeta
Antônio Gonçalves Dias nasceu no dia 10 de agosto de 1823, nos arredores de Caxias, no Maranhão. Filho natural de português e mestiça, com a morte do pai, que entretanto se casara regularmente, é enviado pela madrasta a estudar Direito em Coimbra (1838).
Durante o curso, escreve seus primeiros versos e participa do grupo de poetas medievistas que se reunia em torno do o Trovador. Formado em 1844, regressa ao Maranhão, e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, que lhe inspiraria mais tarde o poema “Ainda uma vez — adeus!”.
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