Renúncia
Mesmo quando o pesar, que fere tanto,
renascer neste morto coração;
mesmo quando, trazendo-me acalanto,
a esperança me der nova ilusão;
mesmo quando o fulgor do teu encanto,
procurando acalmar minha razão,
com ternura e pudor secar meu pranto,
nem assim te direi minha emoção!
Mas, no futuro, certamente, a vida,
que hoje em teu sonho bela continua.
há de deixar-te, enfim, desiludida!
Terás, então, o amor que se escondeu:
a minha mão há de suster a tua,
meu coração há de escutar o teu!
Alfred de Musset
(Versão de Hélio C. Teixeira)
O Poeta
LOUIS CHARLES ALFRED DE MUSSET (1810-1857) Poeta francês. O maior representante do Romantismo poético da França.
Era envolvido por uma certa melancolia. Muito embora imbuído de classicismo, convivia com a mocidade romântica que se reunia na casa de Charles Nodier.
Mais tarde, em 1833, sua breve e tempestuosa ligação com George Sand
(pseudônimo literário de Lucile-Aurore Dupin) foi cheia de incidentes cruéis, que fizeram comprometer-lhe os dons de verdadeiro gênio da poesia.
Teve uma existência tormentosa. E, mesmo assim, considerado, na França, como o maior poeta do Amor. Os poetas de todo o mundo, no século passado, foram influenciados por ele.
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