No Ermo da mata
No ermo da mata o som da trompa ecoa,
Vem expirar embaixo da colina.
E uma dor de orfandade se imagina
Na brisa, que em labridos erra à toa.
A alma do lobo nessa voz ressoa…
Enche os vales e o céu, baixa à campina,
Numa agonia que à ternura inclina
E que tanto seduz quanto magoa.
Para tornar mais suave esse lamento,
Através do crepúsculo sangrento,
Como linho desfeito a neve cai.
Tão brando é o ar da tarde, que parece
Um suspiro do outono.
E a noite desce
Sobre a paisagem lenta que se esvai.
As mãos que foram minhas,
mãos tão bonitas, mãos tão pequenas,
Após tanto equívoco e penas,
Tantos episódios pagãos,
Após os exílios medonhos,
Ódios, murmurações, torpezas,
Senhoris mais do que as princesas
As caras mãos abrem-me os sonhos.
Mãos no meu sono e na minh’alma,
Pudera eu,
Ó mãos celestes,
Adivinhar o que dissestes
A est’alma sem pouso nem calma!
Mente-me acaso a visão casta
De espiritual afinidade,
De maternal cumplicidade
E de afeição estreita e vasta?
Caro remorso, dor tão boa,
Sonhos benditos, mãos amadas,
Oh essas mãos, mãos consagradas,
Fazei o gesto que perdoa!
Paul Verlaine
(Tradução de Manuel Bandeira)
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