O jornal francês “Le Monde” elegeu Luiz Inácio da Silva o homem do ano. Como se sabe, a imprensa e a intelectualidade francesas sofrem certa síndrome de Maria Antonieta. Brioches para o povo, poesia para os tolos.
A realidade não importa muito. Os franceses são uns abstratos. Amam erguer edifícios míticos sobre o nada. Eis mais um.
Entre outras pérolas, Lula é, para o “Le Monde”, um símbolo mundial da preservação do meio ambiente. Vejam a que ponto pode chegar a ignorância dos cultos.
Pena que os franceses não deram um google para ver que o presidente brasileiro reclama dos relatórios de impacto ambiental – para ele, um entrave burocrático ao desenvolvimento, que atrasa as obras e contraria as empreiteiras, inclusive na Amazônia.
Amazônia, terra da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, herdeira de Chico Mendes, que Lula cozinhou em fogo brando para alegrar os que passam o trator na floresta.
O homem do ano foi aquele que, na sua mais expressiva vitória em 2009, protegeu José Sarney e família da punição pelo escândalo de tráfico de influência no Senado. Em seu outdoor sobre o brasileiro bonzinho, o “Le Monde” esqueceu a bondade de Lula com o esquema podre de Agaciel.
Para o jornal francês, o ex-operário iluminado mudou a cara da América Latina. Seria bom alguém avisar aos editores em Paris sobre a nova doutrina de comunicação que Lula apóia em seu continente. Se a moda pega, um dia o “Le Monde” vai ter que escolher o homem do ano com a ajuda de um conselho de companheiros – que saberão podar os excessos da imprensa burguesa.
A condecoração registra ainda que o presidente petista transformou o Brasil em potência, encarnando “o renascimento de um gigante”. Nada contra a poesia vagabunda. Mas quem terá sido a fonte da inspiração grandiloqüente? Golbery do Couto e Silva? Vai ver confundiram o sobrenome.
Por influência do primeiro-ministro espanhol Jose Luis Zapatero, símbolo da esquerda cosmética européia, o “El País” também elegera Lula a personalidade do ano. No artigo que sustentava a escolha, o próprio Zapatero cuidava da exaltação – destacando atributos indiscutíveis, como a capacidade do presidente brasileiro de chorar em público, na escolha do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016.
Não tem jeito. A santificação do bibelô da pobreza, suposto embaixador dos coitadinhos, está na ordem do dia. É um fenômeno correlato à onda Barack Obama, premiado com o Nobel da Paz pelos suecos lunáticos. O espetáculo não pode parar.
Na crônica envernizada do “Le Monde” sobre Lula, o bom selvagem, os cartesianos de fundo de padaria encontraram nele uma virtude inusitada: não ter querido mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato.
Nessa linha, de fato, o Brasil e o mundo devem tudo a Lula. Sejamos gratos a ele por não ter explodido o mundo a quatro mãos com o tarado atômico do Irã, seu chapa. Obrigado, companheiro.’
Guilherme Fiúza, jornalista e escritor
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