Em texto inédito em português, o crítico George Steiner analisa Nos Penhascos de Mármore, romance de tons autobiográficos do polêmico autor alemão, recém-lançado no Brasil
Tempestades de Aço, de Ernst Jünger, foi publicado em 1920 e trouxe fama imediata ao seu autor. Continua a ser a mais notável obra de escrita oriunda da Primeira Guerra Mundial. Passionate Prodigality, de Guy Chapman, é um gesto mais penetrante, inteiriço, de percepção humana; o alcance político de Le Feu, de Barbusse, é maior.
Mas Ernst Jünger chegou mais perto do que qualquer outro escritor, mais até do que os poetas, de imprimir na língua o molde da guerra total. Em parte, é uma questão de técnica: as frases lapidares, tão distintas da sinuosa hesitação da prosa literária e filosófica alemã normal, as símiles violentas, o impulso da turbulência vívida e descontrolada, em detrimento da abstração. Em parte, provém da determinação de Jünger de tornar o ofício da escrita uma contraparte do ofício do combate.
A guerra e o virtuosismo de Jünger no campo da guerra – sete vezes ferido, comandante de pelotão, Jünger recebeu a mais alta insígnia militar em setembro de 1918 – tornaram-se o núcleo visionário, a suprema pedra de toque da totalidade da sua obra. O inferno caótico de Somme e de Langemarck se torna mais do que uma lembrança causticante ou um exemplo de vida enlouquecida.
A tempestade de fogo da artilharia pesada, a paisagem lunar de crateras e clarões, o frenesi sonâmbulo do combate corpo a corpo pareciam a Jünger condensar certas verdades e mistérios essenciais no homem. Depois de uma batalha como aquelas, seria impossível haver paz, apenas um armistício.
Escrever ensaios, poemas ou romances como se a própria língua não tivesse passado pelos arames farpados e pelo ar envenenado parecia a Jünger algo semelhante a uma evasão romântica, uma tática burguesa numa época em que as amarras da civilização burguesa tinham sido fatalmente afrouxadas. Embora fosse uma parte inextricável da violência, a língua era, contudo, a última região segura de sobrevivência.
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Fonte: O Estadão/Caderno 2
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