Categorias: Notas

Entrevista

Polêmico ma non troppo

Júlio Medaglia critica a transição na Osesp, relativiza o legado do Tropicalismo e avalia a proposta de renovação da lei de incentivo à cultura

O primeiro contato do paulistano Júlio Medaglia com a música se deu ainda criança quando a empregada de sua família lhe presenteou com um violino infantil. Anos mais tarde, ao participar da orquestra de amadores da Lapa, em São Paulo, conheceu o oboísta Isaac Karabitchevsky, que o convida para estudar na Escola Livre de Música, onde lecionava o compositor e musicólogo alemão Hans Joachin Koellreutter.

Ao mudar-se para Salvador, para criar os seminários de música da Universidade Federal da Bahia, Koellreutter levou consigo o jovem Medaglia. Lá, surgiu o convite de Artur Hartmann, então diretor da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg, para estudar regência na Alemanha. Em solo europeu, Medaglia estudou com figuras centrais da música contemporânea, como Karlheinz Stockhausen e Pierre Boulez, e teve aulas de regência com o mítico maestro John Barbirolli.

Sua trajetória, a partir de então, foi marcada por participações em momentos decisivos da música erudita e popular no Brasil. Ao final dos anos 1960, tornou-se júri dos célebres festivais da TV Record e, em 1967, escreveu o arranjo de “Tropicália”, canção de Caetano Veloso considerada o marco inicial do Tropicalismo. Nas décadas de 1970 e 80, compôs trilhas sonoras para a TV Globo, como a da série Grande sertão: Veredas, e dirigiu por quatro anos o Teatro Municipal de São Paulo. Durante os anos 1990, participou de grandes espetáculos cênico-musicais no Brasil, entre eles, a ópera “Aida”, de Verdi, encenada em 1995, em estádios de futebol. Criou, dois anos depois, a Amazonas Filarmônica, em Manaus.

A experiência e o conhecimento adquiridos ao longo da carreira motivaram-no a escrever os livros Música impopular (Global editora, 2003) e Música, maestro! (Globo, 2008). Com linguagem fluente e nítida intenção pedagógica, seus livros desejam ampliar o acesso à história da música, de forma a derrubar as barreiras que separam a música erudita do grande público.

Atualmente, Júlio Medaglia realiza trabalhos na ópera nacional da Bulgária e apresenta o programa Prelúdio, na TV Cultura – único da TV aberta dedicado aos novos talentos da música erudita nacional. Nesta entrevista, concedida em sua casa para a CULT, o maestro fala do turbulento processo de transição na Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), sobre alguns momentos de sua carreira e avalia as atuais políticas na área musical.

Leia a entrevista aqui

Fonte: Eduardo Socha e Wilker Sousa

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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