Categorias: Poesias

Augusto dos Anjos – Soneto

A praça estava cheia. O condenado

Transpunha nobremente o cadafalso,

Puro de crime, isento de pecado,

Vítima augusta de indelével falso.

E na atitude do Crucificado,

O olhar azul pregado n’amplidão,

Pude rever naquele desgraçado

O drama lutuoso da Paixão.

Quando do algoz cruento o braço alçado

Se dispunha a vibrar sem compaixão

O golpe na cabeça do culpado

Ele, o algoz – o criminoso – então,

Caiu na praça como fulminado

A soluçar: perdão, perdão, perdão!

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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