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Artigo saído n’ O JORNAL DE NATAL. Nas bancas

Lula ataca a imprensa e defende corruptos

MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)

O ataque de Lula e da pelegagem à imprensa tem razão de ser. É o jornalismo investigativo, competente e honesto, que está derrubando os castelos da devassidão que os 300 picaretas insistem em preservar.

Não há nenhum desses coiteiros modernos, protetores de corruptos que se iguale a Lula da Silva, contumaz em passar a mão na cabeça deles, como fez com as sanguessugas, os mensaleiros e os aloprados.

Lula aliou-se a Jáder Barbalho, Sarney, Severino Cavalcanti, Renan Calheiros, Maluf, e o seu mais novo parceiro de infância, Fernando Collor de Mello. O próprio, com dois “ll” nos sobrenomes ilustres.

Recentemente tirou proveito da posse de Roberto Gurgel, novo procurador geral da República, para hostilizar a imprensa que, segundo ele, quer condenar antes do julgamento. Mas por contradição ele prejulga, pedindo ao Procurador que pense (!) na biografia dos investigados…

Todos os homens e mulheres deste país teem uma biografia. De uma lauda ou mil e tantas páginas. Os mensaleiros que estão sendo julgados pelo Supremo, cada um tem a sua história de vida, algumas até heróicas, mas isto não quer dizer que não devam ser condenados pelos ilícitos praticados e sobejamente provados.

Sua Excelência (que promovi a 301º Picareta) se dá ao desplante de aconselhar um bacharel em Direito, com experiência advocatícia e respeitável incursão na magistratura. Que país é este! Lula não tem sustentáculo intelectual nem moral para traçar normas jurídicas em qualquer hipótese.

A história de vida do Presidente é enovelada – no sentido de emaranhada e um tanto quanto fantasiada pelos obreiristas da USP. Ainda não estão bem explicadas as ligações sindicais com entidades norte-americanas e européias, o relacionamento com o patronato da Volkswagen e o favorecimento político do general Golbery, concedendo-lhe um partido para enfrentar os comunistas e trabalhistas. O combativo jornalista Pedro Porfírio, lhe faz restrições.

Seja lá como for astucioso e intuitivo, monta na grande popularidade auferida pelas pesquisas de opinião, e resolve agora dar aulas de Direito e amanhã, quem sabe, de filosofia, assistido pela doutora Marilena Chauí. É como Mussolini transmitindo aos engenheiros italianos projetos de urbanização e auto-estradas, e Hitler instruindo a arte da guerra aos generais do estado maior alemão.

Depois de chamar Sarney de maior ladrão da Nova República, disse que o Capião-Mor do Maranhão não pode ser tratado como um cidadão comum; agora rebate essa asneira falando em preservar “biografias”. E a Constituição, que fala de igualdade, como fica?

Fatos concretos revelam, como uma ressonância magnética, os escândalos que Lula não quer investigar nem muito menos punir. Os casos que afloraram no mesmo dia em que ele distinguiu seus biografados, mostram o absurdo da defesa obscena por ilegítima e inconstitucional.

A gravação de diálogos não-biografados de José Sarney e Agaciel Maia feitos pela Polícia Federal com autorização judicial, provocam indignação ao mostrar a relação entre o burocrata corrupto e o senador patrimonialista. Levar em consideração a biografia dos dois para livrá-los da condenação, é acumpliciar-se com os ilícitos cometidos.

Acho que ele está pensando que seu currículo enriquece com o apoio mercenário das organizações sindicais e estudantis cooptadas a peso de verbas públicas, e o aplauso politiqueiro dos beneficiados pelo assistencialismo populista. Que nada!

Sua vida enigmática com diplomas do Sesc ou outros foi analisada por Pedro Porfírio, em análise já citada, lembrando que a verdadeira trajetória biográfica de Lula só será conhecida quando seu enorme poder de mistificação e coação se evaporar no tempo e no espaço.  Então, a História repugnará seu elogio à biografia.

Miranda Sá

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