O vagalhão populista neo-ditatorial que cobre a América Latina como um tsunami antidemocrático, assusta os democratas. Sem discutir ideologias no campo político, nem avanços na economia, é intolerável ver-se a burocratização dos estados, o desrespeito pelas oposições e a alternância do poder.
Nem sempre os contestadores de governos merecem respeito, claro, mas o aparelhamento da administração pública por um partido lembra-nos a derrocada da União Soviética, onde os arrivistas travestiram-se de capitalistas e entregaram o país às máfias.
Além do mais, está no inchaço burocrático do aparelho de estado o meio ideal para a multiplicação das células cancerígenas da corrupção, como vem ocorrendo em todos os governos populistas-assistencialistas em freqüência com o momento histórico que atravessamos.
Não foi a Ilha de Fidel Castro que deu o exemplo. Cuba ficou isolada na sua débil experiência socialista sem se desviar do caminho revolucionário original. O boicote econômico, o cerco político e as transformações do cenário internacional não justificam, mas explicam o autoritarismo ali estabelecido por décadas.
Não é este o exemplo que encontramos na Venezuela, apesar do coronel Chávez se apresentar como um cover de Fidel. Não tem sentido nos fundamentos da própria “revolução bolivariana” os atentados à imprensa naquele país, como não há razão de eternizar-se um indivíduo no poder.
Este modelo de continuísmo e repressão aos meios de comunicação veio em direção ao Sul do continente, imitado pelo corporativista Rafael Correa do vizinho Equador e chegou à Bolívia do cocaleiro Evo Morales com a colaboração dos pelegos do Cone Sul.
Começou na Venezuela de Chávez o fechamento as emissoras de rádio e televisão, e censura aos jornais que não se submeteram às imposições do governo. Os dirigentes equatorianos e bolivianos acompanharam as pressões sobre os jornalistas independentes, e agora, na Argentina do peronismo fisiológico os Kitchners, vimos ameaças ao El Clarin, órgão de imprensa importante do país.
Numa justaposição coincidente, um jornal tradicional brasileiro, de posições históricas respeitáveis, como O Estado de São Paulo, ficar sob censura e, pior do que a repressão policial, por decisão de um juiz de primeira instância, ligado ao grupo político que denunciava por corrupção.
Apesar da censura baixada por medida unipessoal e suspeita, não se ouve uma palavra do ministro Tarso Genro, da Justiça, tão falastrão em assuntos ligados aos interesses do seu partido e do seu presidente. Também não uma ação das cortes superiores da Justiça, tão ágeis para lavrar habeas-corpus de personalidades ligadas ao poder.
Façamos uma ilação sobre essa forma de condenação censorial à imprensa, achando que o silêncio do Executivo e o lavar das mãos do Judiciário teem a ver com a mordaça imposta ao Estadão. E comparar este comportamento ao que foi feito com a RCTV, Globovisión e El Clarin.
Neste panorama ameaçador à Democracia há que se perguntar a quem interessa impedir a liberdade de imprensa. Vemos que se trata de favorecimento a políticos corruptos, aloprados e mensaleiros, e especificamente com o que ocorre com o Estadão, ao Capitão-Mor do Maranhão, José Sarney.
A filosofia oferece um princípio de que sem liberdade de imprensa a democracia morre lição que não deve ser esquecida. Se o Legislativo fraqueja e o Judiciário vacila, a defesa da Nação fica sujeita ao jornalismo independente e aos profissionais de imprensa idealistas.
Como a hipocrisia e a mentira reinantes fazem curvarem-se os covardes, cabe ao povo – principalmente a fração letrada e informada do povo – defender a liberdade, não elegendo parlamentares descomprometidos com a democracia e lembrando aos magistrados o ensinamento de Rui Barbosa: “a justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”.
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