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O amoralismo de Lula, o Senado e a Pizza

MIRANDA SÁ, jornalista (mirandasa@uol.com.br)

Os elogios e os afagos de Lula da Silva para Renan e Collor compõem a ultra-sonografia do quadro clínico que o vibrante jornalista Pedro Porfírio diagnosticou com “a morte cerebral do PT”.

É, sem dúvida, um caso lamentável que se agrava pela assistência de um povo anestesiado, descaracterizado pela ignorância e o oportunismo, que é conduzido pelo engodo das mentiras inventadas pelos jornalistas chapas-branca na bilionária propaganda governamental.

Fora da publicidade multicolorida, o Brasil real assiste a morte cerebral do PT, antes de completar os 30 anos. Um AVC que foi precedido por galopante velhice e a falência dos sentidos que impôs uma decrepitude moral.

O amoralismo de Lula é desastroso – não como querem alguns, por rasgar a biografia, que é duvidosa – mas por arrastar consigo a massa amorfa que sobrou da antiga militância petista, agora comprada com cartões magnéticos.

Ao tornar-se o 301º picareta, este abraço de Lula em Collor e Sarney é simbólico e abrangente, alcançando Jáder Barbalho, José Sarney, Maluf, Romero Jucá, Severino Cavalcanti e agora Paulo Duque, que mostra uma total desqualificação moral ao assumir a presidência do Conselho de Ética do Senado.

Com tais parcerias, o Pelegão intervém no Senado Federal, tutelando-o. E não satisfeito em submeter a instituição, zomba dos senadores chamando-os de pizzaiolos. Para guiar os pais da pátria, não custa muito, basta fisiologizar os “líderes” da base e acenar para os suplentes sem voto, portanto sem compromisso com o eleitorado.

A tutela do Senado pelo Poder Executivo abala a harmonia dos poderes republicanos golpeando a Democracia. Pode-se argumentar que isto ocorre pela incompetência da oposição diante do PMDB e seus profissionais do oportunismo. Isso conta, mas a letargia nacional ajuda muito a fraqueza da minoria parlamentar.

O trabalho de desconstrução do Senado obedece ainda à tática traçada por Zé Dirceu para garantir 20 anos de poder petista. É uma transgenia do mensalão, cultivada lenta e gradualmente. São fatos pontuais como a reforma da Previdência, o engavetamento do fim do fator previdenciário e o apoio à aliança corrupta da burocracia degenerada e senadores patrimonialistas.

Poderá existir algo mais abominável do que os obstáculos criados para a instalação da CPI da Petrobras? As manobras deram tempo ao PT-governo para blindar a diretoria da empresa, suspeita de atos ilícitos conforme constatação do Ministério Público, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União.

A montagem da CPI foi uma engenhosa arquitetura política, pondo as investigações sob o rolo compressor do fisiologismo, dando aos governistas a vantagem de 8 membros a 3, além de eleger a presidência e a relatoria. Assim serão controladas as diligências sobre sonegação fiscal contestada pela Receita, superfaturamento, convênios duvidosos com Ongs e prefeituras.

Mas veio o pior. A convocação do Conselho de Ética cristalizou a falta de vergonha no Senado. Ao eleger o 2º suplente Paulo Duque, Renan Calheiros trouxe o tipo mais do que perfeito da degenerescência moral, o que ficou claro nas suas primeiras declarações, dizendo que ‘vasculharem a vida de José Sarney pela nomeação de um neto é pura bobagem’.

Com Collor, Lula, Renan e Sarney cai bem o apelido que o Finantial Times deu a casa que um dia foi de Ruy Barbosa, CASA DOS HORRORES.

Miranda Sá

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