AS ÁRVORES BOTTICELLIANAS
O alfabeto das
árvores
vai desmaiando na
canção das folhas
as hastes cortadas
das finas
letras que escreviam
inverno
e frio
foram iluminadas
com
pontas de verde
pela chuva e o sol –
As regras simples
e estritas dos ramos
retos
vão sendo alteradas
por ses de cor
pinçados, por cláusulas
devotas
os sorrisos de amor –
. . . . . . .
até as frases
desnudas
se moverem como braços
e pernas de mulher sob o tecido
e em sigilo o louvor
entoarem do desejo
e do império do amor
no estio –
No estio a canção
canta-se por si
acima das palavras surdas –
(tradução: José Paulo Paes)
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