US$ 5 MILHÕES

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

   
         “Os que tentam descobrir o que há sob a superfície das coisas não sabem o risco que correm” (Oscar Wilde)

Foi como num bom filme policial: Um bando de cinco pessoas armadas de fuzis cortou o gradil do campo de voo do Aeroporto Viracopos e em apenas seis minutos esvaziou a caixa contendo dinheiro em papel moeda e fugiram com cinco milhões de dólares.

Um bom repórter indagaria: – “De quem era o dinheiro? ” – E ficaria sem resposta por que nem a transportadora de valores Brinks, nem a empresa aérea Lufthansa, que levaria a carga para Zurique, na Suíça, nem a Polícia Federal acionada para investigar o fato, informaram.

Segundo o noticiário, restava a Receita Federal para se pronunciar, e de lá a informação de que não é possível dizer quem é o dono da fortuna roubada em virtude da proibição expressa da Lei do Sigilo Fiscal.

Este quadro nos leva a pensar sobre as leis vigentes no Brasil, elaboradas, parece, para proteger malfeitos…  Estamos brigando contra algumas delas, como a tal “presunção de inocência” para um sentenciado duas vezes por crime praticado e o famigerado “foro privilegiado” que protege cidadãos mais iguais do que os outros.

Igualmente os sigilos que se multiplicam na legislação traduzem – pelo menos para mim – suspeita. Suspeita, palavra de origem latina, “suspecta”, é dicionarizada como substantivo feminino, com rica definição, seja desconfiança sobre algo, dúvida, o que não se pode confiar e não ter prova de ser verdadeiro.

O antônimo de suspeita é certeza. No roubo dos US$ 5 milhões, segundo a polícia, só há uma certeza: os criminosos obedeceram a uma estratégia traçada para uma operação rápida e, se possível, sem deixar vítimas.

Do lado da Receita Federal, o delegado Antônio Andrade Leal, que também investiga o caso, diz que não houve irregularidades na remessa de dólares, e se trata de uma operação normal de instituições financeiras e empresas que operam com câmbio.

Mesmo correndo risco, como alerta Wilde, é importante fazermos as pesquisas nos porões da criminalidade…. Não cabe apenas à Polícia Federal e aos promotores públicos a investigação aonde haja suspeita.

Embora as autoridades envolvidas estejam atentas e nos tranquilizando, gostaríamos de saber mais, porque a conjuntura nacional, com tanta gente poderosa envolvida em corrupção, nos interessa desvendar este crime.

As propinas jorrando aos borbotões nos tempos do PT transbordaram e até hoje aparecem nos serviços públicos. E falar de propinas arrecadadas pelo lulopetismo é falar de milhões. É milhão para lá, é milhão para cá.

Com Cabral, sócio de Lula no Rio de Janeiro a soma já está perto do bilhão; e bilhão, se levarmos em conta as suspeitas, o próprio Lula teria no Exterior mais do que isto em paraísos fiscais e nas mãos dos governantes “amigos”, que foram aquinhoados pelo dinheiro do BNDES, deixando um percentualzinho…

A revista Veja, “insentona”, levantou R$ 370 milhões repassados ao ex-Presidente em propinas e financiamento eleitoral; ao filho dele, Fábio Luiz, R$105 milhões via Gamecorp, para o outro filho, Luiz Cláudio, R$ 4,2 milhões e para o dileto sobrinho, Taiguara Rodrigues, R$ 20 milhões. Em respeito aos mortos, deixemos para lá os R$ 11 milhões na conta de dona Marisa, falecida.

O juiz Sérgio Moro, na primeira sentença condenatória de Lula, escreveu: “Não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”. Eu espero que os ministros do STF tenham esta mesma percepção de Justiça.

 

4 respostas para US$ 5 MILHÕES

  1. José Augusto Cordeiro disse:

    Acabamos tendo a impressão que a maioria dos brasileiros são corruptos, mas não é assim! É que os desonestos são atrevidos e seus defensores mais ainda.
    Tofolli, o advogadinho de Lula e do PT, poe exemplo, que nunca escreveu um livros doutrinário de direito reconhecido, que nunca passou SEQUER em concurso para juiz além de outros 2 no mínimo da mesma estirpe, agora serve de vassalo preparando ensaios ardilosos para a emboscada que implante a anulação da Lei e da Ordem, livrando da Justiça o chefe da organização criminosa que roubou o País.
    Todos parecem ficar ilesos. Sentem-se imperadores que tem nas mãos o cetro do poder total, nunca podendo serem questionados. Onde estará a guilhotina que corte essa empávia e restaure a Cidadania e a Civilidade?

  2. Irene Mattos Felix disse:

    Que texto, Miranda! Adorei!
    Começar com Oscar Wilde foi fantástico Não conheço uma frase dele que não o seja
    Voltando ao tema, mesmo não sendo um Hércules Poirot, sabemos que é dinheiro sujo, muito sujo e que sabem de quem é Será que aqui cabe a máxima que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão?
    Se o dinheiro não ficar com os falsos donos, porque os verdadeiros somos nós, é dinheiro roubado do nosso bolso , eu vou adorar Oxalá o fim de todo o dinheiro ilícito seja este, que mais bandidos ousados façam a limpa nos bandidos covardes de colarinho branco Abraços, guri !

  3. Começando pelo final. O stf não tem a mesma percepção de Justiça que o Excelentíssimo Sr. Juiz Sérgio Moro. O stf abusa da vocação de engavetar processos, daí a verdadeira obsessão de todo corrupto em manter seus processos eternamente aos cuidados de seus juízes. Gosto de dizer: O coelho que come couve, vigia, julga e legisla sobre coelhos que comem couve! senador deputado vereador: TODOS COMEM COUVE!

    Terminando pelo início. Gosto de dizer: “De que vale nossas vozes gritarem que onde há fumaça há fogo, que o ralo da corrupção é maior que nossas fronteiras, e devora tudo que produzimos?” (Voto, texto meu, publicado no YouTube)

    Saudações, lúcido e cirúrgico mestre Miranda Sá!

  4. Mais um belo texto, Miranda! Corrupção a dimensão do problema. Você já foi afetado pela corrupção? talvez não pelo tipo mencionado acima, mas com certeza já sofreu os efeitos de alguma forma de corrupção.
    Há alguma solução definitiva para praga da corrupção?