SEGREDOS

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Vou contar este segredo para mim mesmo de vez em quando, mas não vou acreditar” (Will Tacker – personagem de Hugh Grant no filme “Um lugar Chamado Notting Hill)

Vejo na Democracia – “o pior regime, com exceção de todos os outros”, no dizer de Churchill -, um mal aqui no Brasil; o voto obrigatório que tange o rebanho eleitoral para delegar uma representação a pessoas despreparadas, oportunistas e corruptas nas casas legislativas, federais, estaduais e municipais.

O meu segredo nesta crítica à Democracia vem com o repúdio à conversa fiada do “direito de votar”, em contraposição ao “dever de votar”. Quanta diferença há entre o direito e o dever! Se votar é obrigatório, tira a oportunidade da cidadania consciente mudar o quadro desesperador dos parlamentos. As manadas ignorantes e carentes se encarregam de mantê-las…

Aqui, a imensa maioria vota num candidato sem conhece-lo e muito menos aos que lhes cercam, parentes, amigos e puxas-sacos; é atraída pela propaganda enganosa ou pelo “ouvir dizer”.  Pior ainda, uma grande fração apoia quem lhe comprou o voto, seja em espécie, ou pelas promessas demagógicas…

Essa transação de compra e venda é um velho truque do tempo dos coronéis, e foi tão aprimorada através dos tempos que dificilmente é punida pelos órgãos competentes; quanto ao logro sofrido pelas mentiras de campanha eleitoral, só tem o preço do arrependimento.

É claro que a situação é mais destrutiva no caso federal, porque as eleições preenchem as cadeiras do Congresso, Câmara e Senado, e, ao lado desses “representantes”, elege-se também o presidente da República.

Porque destrutiva? Porque são eles, congressistas e presidente, que indicam os titulares dos ministérios, as chefias das secretarias e a direção das empresas estatais; terceirizam a administração da Educação, da Saúde, da Segurança e demais setores de atendimento à população. Ao fazê-lo, nem sempre pensam no geral, mas em atender interesses regionais ou grupais.

Neste embrulho de papel de padaria, vem um ciclone bomba em redemoinho sobre o interesse nacional e popular: a indicação dos que comandam a economia e as finanças públicas, gerenciadores das crises, dos preços, salários e lucros; do emprego e das transações cambiais.

Diante disto, confesso outro segredo: Adoto, entre outros ícones da cultura, Machado de Assis, a quem reverencio diferentemente dos que cultuam charlatães, adotando-os como “gurus”, e lhes pagam com verbas públicas… De Machado, temos uma lição objetiva:  – “Ouça-me este conselho: em política, não se perdoa nem se esquece nada”.

Este ensinamento nos leva a não perdoar os políticos picaretas que conspurcam a nossa República; não livramos a cara dos congressistas que engavetam as reformas prometidas nas eleições, e que se negaram a aprovar o Pacote AntiCrime de Sérgio Moro.

Não peço a ninguém para guardar este segredo porque, pelo contrário, gostaria que fosse alardeado, como uma vacina contra o vírus das corrupções do “roubozinho” das rachadinhas, e do “roubozão” do lulopetismo no Erário.

Garanto que os meus segredos não estão infectados pelas bactérias da falsidade ideológica, considerando, como considero, que “esquerda e direita não são discursos ideológicos estáveis, são símbolos de união grupal. Basta que duas pessoas se digam de direita ou de esquerda para que automaticamente essas facções passem a existir”…. E produzem males degenerativos como o fanatismo.

Os dicionários nos trazem o verbete “Segredo” como um substantivo masculino de etimologia latina, secretum,i, indicando algo que não deve ser sabida por outrem e/ou, especificando, coisa que se diz a outrem, mas que não deve chegar ao conhecimento de terceiros.

Assim, revelando segredos, tenho mais um, o sonho de festejar o fim da pandemia e a volta à vida normal, este, porém, só conto a mim mesmo, mesmo sem acreditar nele, torcendo no que escreveu o intelectual francês Jean Baptiste Racine, dramaturgo, historiador e poeta: – “Não há segredos que o tempo não revele. ”

 

 

 

 

 

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