SALTO NO ESCURO

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Todos são mais ou menos chefes. Graúdos, risonhos, nutridos, polidos, escovados, envernizados, lá estão inchando, inchando. São os grossos batráquios da lagoa republicana” (Graciliano Ramos)

Assim, como está na epígrafe, o velho Graça via os políticos em 1915. E a coisa não mudou muito de lá para cá, como a gente os vê nesta campanha eleitoral embaraçosa que nos dá mais mal-estar do que esperança nas mudanças que o País precisa.

É nesta temporada de caça ao eleitor (a que me referi em artigo anterior) que ficam transparentes os perfis dos profissionais da política. Em sua grande maioria, são fontes jorrando a falsidade liquefeita na sua ânsia de poder.

Eles são os donos dos municípios, aonde começa a corrupção. Praticam um descarado nepotismo, indicam os cargos comissionados nos Estados e no Governo Federal e mantêm privilégios desde o tempo das capitanias hereditárias.

Uns, pregadores de ideologias ilusórias, cercam-se de fanáticos, aproveitando-se deles para materializar seus projetos heterodoxos de poder; outros, aproveitadores obesos de propinas, criam para si mesmo condições especiais para conservar suas mamatas.

Para destilar essas impurezas, é preciso raspar a craca impregnada no casco da chamada redemocratização brasileira, impondo uma polarização anacrônica de direita e esquerda e levando o País ao naufrágio.

Assim se desenrola o cenário que atravessamos amedrontados com o salto no escuro que os bem-intencionados iremos dar, ao digitalizar numa urna eletrônica tanto ou mais perigosas do que os nomes filtrados da geleia que nos é oferecida.

O movimento de direita é uma consequência natural dos fracassos governamentais nos 14 anos de governos petistas, ditos de esquerda, que se degeneraram pela inaptidão administrativa, a incompetência para enfrentar os desafios econômicos e a corrupção trazida da pelegagem sindical.

Na minha visão, o surgimento episódico de uma direita nos dias atuais não é assustador como querem convencer os falsos liberais da nossa “intelectualidade” – entre aspas, por não os reconhecer como tais -; é conservador, sim, e reacionário também, por força do enfrentamento com os radicais lulopetistas, mas nada tem de autoritário e antidemocrático.

Do outro lado, avessos à realidade mundial, temos os defensores do “socialismo do século 21”, um populismo bananeiro que olha para o retrovisor da História, defendendo a implantação do totalitarismo stalinista a partir de um estado onipotente e onipresente sob a liderança de um chefe cultuado fanaticamente.

Diante disto, uma considerável fração do nosso povo almeja uma ampla restruturação do aparelho de Estado, modernizando a administração dos setores essenciais, da Educação, Saúde e Segurança e investir na descentralização do poder federativo com vistas fundamentalmente à distribuição dos municípios para que sejam realmente autossuficientes e autogovernáveis.

Temos igualmente uma proposta do estudioso da realidade nacional, Augusto de Franco, pelo seu manifesto “Por um Polo Democrático e Reformista”, que recomendo para leitura, reflexão e análise.

Neste documento encontramos o apelo para união patriótica dos que não desejam que o país seja espelhado em experiências desastrosas como a vivenciada pelo povo venezuelano.

Que esta unidade se faça com o pensamento voltado para as eleições. Da minha parte, proponho a análise mental daqueles que se dispõem a lutar pela transparência nos três poderes da República, afim de dar um fim ao seu aparelhamento, base atual da defesa dos políticos corruptos.

Como contribuição para isto, faço uma declaração de princípio: – “Meu voto para presidente será para um candidato ficha-limpa, descomprometido com os esquemas de corrupção da Era Lulopetista”. E não abro mão…

 

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