Poesia

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OS SENTIMENTOS

 

SAUDADE é quando, o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue;

LEMBRANÇA é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo;

ANGÚSTIA é um nó muito apertado bem no meio do sossego;

PREOCUPAÇÃO é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento;

INDECISÃO é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa;

CERTEZA é quando a idéia cansa de procurar e pára;

INTUIÇÃO é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido;

PRESSENTIMENTO é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista;

VERGONHA é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora;

ANSIEDADE é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja;

INTERESSE é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento;

SENTIMENTO é a linguagem que o coração usa quando precisa mandar algum recado;

RAIVA é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes;

TRISTEZA é uma mão gigante que aperta seu coração;

FELICIDADE é um agora que não tem pressa nenhuma;

AMIZADE é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros;

CULPA é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia;

LUCIDEZ é um acesso de loucura ao contrário;

RAZÃO é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato;

VONTADE é um desejo que cisma que você é a casa dele;

PAIXÃO é quando apesar da palavra ‘perigo’ o desejo chega e entra;

AMOR é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.

 

Mário Prata

 

O Poeta

Mario Alberto Campos de Morais Prata é natural de Uberaba (MG), onde  nasceu no dia 11 de fevereiro de 1946. Foi criado em Lins, interior de São Paulo. Com 10 anos de idade já escrevia “numa velha Remington no laboratório de meu pai (…) crônicas horríveis, geralmente pregando a liberdade e duvidando da existência de Deus”. Nesse período de sua vida era o redator do jornalzinho de sua classe na escola. Sendo vizinho de frente do jornal A Gazeta de Lins, com 14 anos começou a escrever a coluna social com o pseudônimo de Franco Abbiazzi. Passou, com o tempo, a fazer de tudo no jornal, desde editoriais a reportagens esportivas e artigos de peso. O escritor Sérgio Antunes, seu amigo nessa época, disse que Mário era um molecote de “voz de taquara rachada e aparelho nos dentes “.

Além de escrever Mário se dedicava ao tênis e, defendendo o Clube Atlético Linense, acabou sendo o campeão noroestino infantil na década de 60. Lia tudo o que lhe caia nas mãos, em especial as famosas revistas da época “O Cruzeiro” e “Manchete”, que traziam em suas páginas os melhores cronistas da época como Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Henrique Pongetti, Rubem Braga, Millôr Fernandes e Stanislaw Ponte Preta, uma vez que em Lins, naquela época, “não chegavam os grandes clássicos”, como disse o autor. Daí a forte influência que os citados cronistas tiveram em seu estilo.

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