POESIA
GEOGRAFIA
Sá Neto (1º/maio/2019)
(Ofereço ao professor
José Carlos Bortoloti )
Este sou eu, um cabo sem esperança
de formação vulcânica e de sonhos,
que pelo mar avança
No centro de mapa-múndi colorido
ergo-me sólido de ideias satânicas
sem alarido nem sentido
Enfrento decidido a fúria das ondas
mar adentro, e mitos do Amazonas
botos fantasmas e anacondas
Trago em mim a incandescência
do núcleo terrestre; piromaníaco
de verborreias e demência
Disponho-me a rasurar e rasgar
do mapa as distâncias, e assim
revelo a ânsia de avançar
Para desviar os rios Vermelho
e Amarelo, ilhas ignotas com
sereias e o seu espelho
Bombardearei o atol atômico
de Biquíni, no e nada Pacífico
hoje menos troponômico
Vou desabar no Ártico as geleiras,
cavalgando o vento Siroco, louco,
e brisas saarianas derradeiras
Sou levado pelos Alísios tropicais
equilibrando-me nos Contra-Alísios
das inversões equatoriais
Quero cavar fósseis em Bornéu,
antes dos arqueólogos da tevê
e distribuir catálogos ao léu
Acharei muitas tribos isoladas,
perdidas no verdejar amazônico
de mil e tantas tonalidades
Depois de tudo e finalmente
irei enfrentar tempestades,
ciclones, furacões, deidades
e tsunamis que não assustam
nem impedem os que surfam
sem tom, sem som, nem dom
de temer o Armagedon…
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