O RABO E A PORCA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A pátria de um porco encontra-se por toda a parte onde há bolotas”. (François Fénelon)

Houve uma época muito antes dos cinemas exibirem a futurologia das séries de Flash Gordon e da entrada triunfal da Internet no concerto das nações. Imaginem que então se discutia qual das duas ferramentas da cultura, a imprensa e o livro, seria extinta em primeiro lugar.

“O livro absorverá o jornal? O jornal devorará o livro? ” – São duas perguntas escritas por Machado de Assis no artigo “O Jornal e o Livro”, em que o fundador da Academia Brasileira de Letras fez uma extraordinária defesa do jornal.

Bons tempos aqueles em que o jornal tinha compromisso com a verdade sem pender em apoio ao pensamento dos anunciantes e muito menos submeter-se à defesa do governo auferindo verbas públicas.

Na época de Machado, o jornal era, para ele, a “literatura cotidiana”, reproduzindo o espírito do povo, “espelho comum de todos os fatos e de todos os talentos, onde se reflete, não a ideia de um homem, mas a ideia popular, esta fração da ideia humana”.

Cito Machado, sem dúvida um dos maiores escritores da língua portuguesa, cuja obra leio e releio permanentemente. Louvo-o como intelectual e como pessoa humana que ocupa o vértice da sociedade brasileira como jornalista, escritor e pensador, que foi.

Respeito o homem Joaquim Maria Machado de Assis como neto de escravos alforriados, nascido e criado na pobreza no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, tendo atingido a glória sem coitadismo e sem cotas…

O livro e o jornal são, sem dúvida, manifestações do movimento no mundo social. É inegável, porém, que diferente do passado, o livro e principalmente o jornal, se movem mais para o mundo econômico… E, falando em movimento, veio a minha cabeça a sinuosidade do rabo da porca.

É por causa do dinheiro a decadência da imprensa. Assim, valho-me do chiste popular que o Dicionário de Expressões Populares Portuguesas define como uma posição diante da dificuldade, “Chegou a hora da decisão”.  “É agora ou nunca”.  “Tem que resolver é agora”.

Estes significados se deparam com a crítica feita pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à Folha de São Paulo e o consequente socorro corporativo de jornalistas, e a defesa do jornal pelos coirmãos que se penduram no úbero farto dos governos populistas.

O Brasil não quer a “resistência” às mudanças. É chegada a hora de remover a craca da politicagem no casco do nosso navio. Pouco importa a origem do hábito, mas a verdade é que os governos anteriores usavam vultosas verbas publicitárias para comprar apoios na mídia e conquistar a simpatia de alguns profissionais de imprensa.

Perante os problemas que se acumularam anos a fio, exige-se o enfrentamento corajoso para enfrentá-los e resolvê-los; no caso da Folha de São Paulo, mesmo de menor importância, é uma pedrada em casa de maribondos. Esvoaçam com seus ferrões os “defensores da imprensa livre”, os inconformados com a derrota nas urnas e, de carona no enxame, zumbem os patoteiros do “lula livre” fazendo apologia ao crime…

Com sua linguagem simples, compreensível para o povão, e a decisão de cumprir as propostas de campanha, o presidente eleito Jair Bolsonaro precisa como nunca do apoio popular; a campanha eleitoral acabou, mas o inimigo sorrateiro da Pátria se mantém fazendo sabotagens.

É aí que a porca torce o rabo. A luta continua!

3 respostas para O RABO E A PORCA

  1. Eduardo Somensari disse:

    Excelente!!!

  2. O Brasil não quer a “resistência” às mudanças. É chegada a hora de remover a craca da politicagem no casco do nosso navio. Pouco importa a origem do hábito, mas a verdade é que os governos anteriores usavam vultosas verbas publicitárias para comprar apoios na mídia e conquistar a simpatia de alguns profissionais de imprensa. (Miranda Sá)
    Magno Malta e Ricardo Ferraço são representantes do Espírito Santo no Senado da República desde os tempos do FHC
    Pensava eu que não seria necessário votar no Magno Malta, pelo simples fato dele ter cativado o seu eleitorado semeado em tão longo tempo! Ledo engano! Um ex Diretor do Detran Capixaba e um rebelde daquela greve da Polícia Militar que levou o Exército Brasileiro a socorrer o Governador Paulo Hartung, trataram os dois senadores como se eles nenhum bom trabalho tivessem realizado neste longo tempo
    Estou habituado a assinar centenas de abaixo-assinados virtuais e penso que Fabiano Contarato terá sim o poder de aprovar uma legislação capaz de por abaixo tantos privilégios dos senhores senadores, desde que esteja sempre armado de milhões de assinaturas virtuais
    O MESMO PROCEDIMENTO DEVE SER ESPERADO PARA AS REFORMAS DO GOVERNO BOLSONARO

  3. Uma pessoa pode ter muitos propósitos ao longo da vida, e todos eles compõem o sentido de sua existência.