“NOVA ESQUERDA”

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Se existe uma coisa que eu me arrependo é de ter confiado em algumas pessoas” (Renato Russo)

Escrevi certa vez que a ideologia defendida pelo Partido dos Trabalhadores e os seus puxadinhos veio degenerado pelo peleguismo, que não apenas alcança o dinheiro público, mas furta também fatos históricos, ideias e terminologia.

Temos dos lulopetistas a nítida distorção da História: reescrevem-na falando da sua resistência ao regime militar, quando na realidade o seu partido sequer existia e o chefe, Lula da Silva, era apenas um pelego da Volkswagen e informante do Dops.

Nesta saga de fraudes, essa pelegada se apropriou da simbólica designação “de esquerda”, cuja classificação política é bastante diferente do que eles defendem e praticam, na contramão dos personagens da Convenção revolucionária de 1789 que marcaram esta posição ideológica.

O lulopetismo é amoral, burocrata, estatista, impatriota e totalitário. Pratica a destruição da pesquisa científica registrada várias vezes; assalta o Erário; alia-se à picaretagem parlamentar e faz culto à personalidade, divinizando o corrupto Lula da Silva, condenado e preso.

Defensores abertos da ditadura venezuelana, do algoz da Nicarágua e da guerrilha colombiana, os lulopetistas não querem um futuro de paz pregando o caos social e justificando a violência como consequência da pobreza.

Contra essa organização criminosa da política, temos visto a reação de intelectuais que militaram na antiga esquerda e são merecedores do respeito até de quem discorda deles. Saltaram da canoa furada do narcopopulismo que foi desviada da rota que pretendiam seguir.

Distingo alguns, sem demérito para os que a memória não guarda os nomes, o ator Carlos Vereza, o historiador César Benjamin, o médico Eduardo Jorge, o jornalista Fernando Gabeira e o poeta Ferreira Gullar. Fundaram o PT, sem imaginar que ficariam sujeitos ao peleguismo sindical – o que há de mais podre na atividade política associativa –; e se afastaram.

Sobre isto, o livro do jornalista Zuenir Ventura, “1968 – O que fizemos de nós”, está tumultuando a “nova esquerda”. Traz depoimentos de antigos esquerdistas que acreditaram no surgimento de um partido de novo tipo, liberto do centralismo comunista e da fracassada herança do “socialismo real” na finada URSS.

Um dos personagens do polêmico livro de Zuenir é o historiador César Benjamin, que durante o regime militar aderiu à luta armada pela implantação da ditadura do proletariado, memória doentia dos manifestos comunistas ultrapassados.

Depois, Benjamin foi ativo militante e dirigente do PT até 95, quando saiu fazendo graves acusações à direção do partido, sem poupar Lula. Sua decepção está no depoimento e é analisada pelo escritor como uma observação real.

Diz Zuenir que “dificilmente se encontra na oposição quem faça críticas tão contundentes aos governos petistas quanto o dissidente “Cesinha” (César Benjamin), avaliando como um fracasso o chamado ciclo Lula”. É verdade que o dissidente petista é implacável quando acusa a “nova esquerda” na sua atuação pela perda de grandeza.

Como observador da História, também não vejo “grandeza” na “velha esquerda” que desmoronou com o Muro de Berlim. A fragilidade dos que assumiram a nomenclatura dos revolucionários franceses está na proposta idealista de uma sociedade igualitária, materialmente impraticável.

Viu-se no após 2ª guerra mundial e a guerra fria, o fracasso da experiência comunista totalitária na URSS, que, mesmo com os avanços materiais obtidos, foi condenada por parcelas significativas do movimento comunista internacional, então vigoroso.

Além disto, as novas descobertas tecnológicas, abriram um grande mercado de trabalho intelectual, pela Internet, originando a 3ª Grande Divisão do Trabalho. E nesta nova situação eliminou o conceito marxista das duas classes, a dos explorados e a dos exploradores.

No novo mercado do trabalho, cresceu o setor serviço, favorecendo o proletariado e impondo a liberalização das economias nacionais para fortalece-las.

Dessa maneira, o Estado Mínimo concedeu aos trabalhadores – e vem concedendo melhorias jamais sonhadas por Marx –, enquanto o Estado Máximo, obeso, onipresente e onipotente, impede o desenvolvimento econômico e somente oferece ao proletariado burocracia e repressão governamental.

Raciocinando dessa maneira, dispensamos a tarefa de separar as sementes da esquerda, antigas e novas, como o joio do trigo; estão apodrecendo juntas.

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