J’ACUSE

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A acusação contra os maus é necessária para que o ser humano se respeite e respeite os seus iguais” (Clarice Lispector)

Muito aplaudido e com algumas vaias, não pela fita, mas pela indicação, o excelente cineasta Roman Polanski lançou o seu novo filme, “J’Acuse”; em que aborda o julgamento por espionagem do capitão Alfred Dreyfus, que abalou a França nos fins do século 19.

O roteiro segue a carta aberta que o escritor Émile Zola dirigiu ao presidente da República, publicada no dia 13 de janeiro de 1898 pelo L’Aurore, jornal parisiense com a impressionante tiragem de 300 mil exemplares na época.

O processo foi uma manifestação típica de racismo. Como judeu, Dreyfus tinha inimigos no exército e foi injustamente incriminado por alta traição e julgado às escondidas, sendo condenado à prisão perpétua.

Um investigador policial, Picquart, resolveu por uma questão de consciência seguir as pistas que levaram à denúncia, e conseguiu mostrar fraudes que ocorreram por trás da punição aplicada pelo tribunal.

Daí Émile Zola comprou a briga e terminou revertendo a pena. Ainda hoje, em forma de livro, a defesa de Dreyfus por ele é um best-seller.

Curioso é que Polanski sofre durante muitos anos, mais da metade de sua vida, incriminações, que considera falsas, e usou a sua arte como uma metáfora do seu caso.

Temos assistido no Brasil contemporâneo processos de flagrante injustiça, e uma Corte Constitucional à mercê do ex-presidente corrupto Lula da Silva, já condenado por três instâncias, e envolvido em vários processos por corrupção e lavagem de dinheiro.

Na onda dessas atitudes seletivas, a culpabilidade de criminosos no País passou a ser tratada com leniência – sem exclusão -, após a suspeita decisão de seis ministros do STF.

Os brasileiros, estão cônscios do perigo que representa a soltura de verdadeiros criminosos do crime organizado, estupradores, homicidas, ladrões, pedófilos e traficantes, por causa da intromissão da política no Supremo graças à maioria que tem bandidos de estimação.

E além do favoritismo flagrante, os togados interferem no Legislativo e no Executivo, o que se reflete numa pesquisa recente – ah, como deveriam ter crédito as pesquisas! -, para 45% dos brasileiros, Judiciário interfere nos outros Poderes.

Não é por acaso que já não se dá crédito à Justiça. As manifestações de rua deveriam influenciar na realidade das evidências judiciárias que favorecem o crime. As multidões refletem a opinião pública e deveriam derrubar a ditadura da meia dúzia que se arvora dona da verdade com as suas próprias mentiras.

Como Émile Zola, eu acuso o STF. Atribuo aos seus integrantes a culpa de zombarem do povo. Acusar é um verbo transitivo direto, bitransitivo e intransitivo significando atribuir falta, infração ou crime a alguém; e também, verbo pronominal que exprime julgamento moral desfavorável a quem está errado.

Este “Acuso” não é somente meu; é de todos aqueles que desejam um Brasil respeitado no concerto das nações como um Pais igualitário e justo.

E a acusação deveria ser sempre vinda por quem comete um erro e se arrepende, se culpe e se corrija, o que não é o caso dos que agem ideológica e partidariamente neste jogo em que o povo chuta com a bola do patriotismo, faz gol, e os inimigos da justiça boa e perfeita apelam para o VAR da impunidade.

 

2 respostas para J’ACUSE

  1. Eunice Martins disse:

    À la façon d’Émile Zola J’Accuse, inadmissível uma justiça mal aplicada que gera instabilidade jurídica! Ontem vimos um tribunal composto de juízes concursados dando aula de procedimento justo e equânime ao analisarem as provas cabais do processo. Os advogados do réu, não vislumbrando defesa possível, dadas as evidências, ficam recorrendo a expedientes e multiplicando recursos protelatórios que diante de juízes de fato não convencem e são rejeitados por unanimidade. Confiamos na justiça que vencerá toda impunidade !

  2. “O CUIDADO CONSIGO MESMO, JAMAIS EXISTIU E JAMAIS EXISTIRÁ” ESTOU FALANDO DAQUELES SEIS MINISTROS QUE VÃO PARA FICAR NA HISTÓRIA DO PAÍS.