FANTASMAS

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A coragem que afugenta os fantasmas cria seus próprios duendes: a coragem quer rir”
(Friedrich Nietzsche)

Charles Dickens, um dos mais populares escritores ingleses de todos os tempos, deixou-nos clássicos da literatura mundial como “David Copperfield”, “Oliver Twist”e “Christmas Carol”. Este último é uma história de fantasmas.

Dickens com religiosidade anglicana, traz no seu “Um Conto de Natal” o personagem inesquecível de um velho avarento, Ebenezer Scrooge, milionário ganancioso e mesquinho, que despreza o Natal ignorando os que trabalham para si.

Descrevendo a realidade da penúria reinante na Londres dos anos 1800, a narrativa cerca Scrooge pela presença de três fantasmas de Natal, do passado, do presente e do futuro. Eles encenam a sua presença da maior data da cristandade obrigando-o a refletir sobre a sua presença no mundo, encerrando com a sua morte futura, sozinho, sofrido e abandonado, recebendo, porém, a solidariedade dos que desprezava.

Fantasma, na crença popular, é o espírito de uma pessoa ou animal mortos que aparecem de maneira visível ou por outras formas de manifestação aos vivos. Há os que invocam a sua presença em sessões espíritas ou missas negras.

Vem de longe esta crença e sua prática, originando-se no animismo ou veneração dos mortos em culturas pré-históricas, e ainda é comum através da realização dos exorcismos levados a efeito por sacerdotes católicos e pastores evangélicos.

Dicionarizada, a palavra “Fantasma” é um substantivo de dois gêneros, originário do grego “fántasmaatos” e do latim “phantasma, atis”, significando aparição de pessoa morta e/ou objeto assustador, disforme ou demasiado grande.

A gente ouve tantas histórias de fantasmas, de casas mal-assombradas, aparecimento de sombras em lugares ermos e de vozes cavernosas tentando se comunicar, que termina desconfiando da existência de figuras além da imaginação…

Temos na cena política muita fantasmagoria. Outro dia, o presidente Jair Bolsonaro lembrou e condenou a volta do espectro narcopopulista que ronda a nossa vizinha Argentina pela ameaça da volta da corrupta Cristina Kitchener.

O segundo fantasma é o STF, que por uma minoria inimiga da Lava Jato ameaça voltar atrás nos avanços conquistados na luta contra a corrupção no País; jamais se esperou que – pela sua formação – que sozinho enfrentasse o sistema corrupto da política, mas nunca se duvidou que cumprisse a Lei.

Assombra-nos o terceiro fantasma, um retrocesso que se avizinha da sociedade brasileira, a volta da censura atentando contra as liberdades democráticas. Está ativa uma policialesca investigação contra participantes das redes sociais que criticam alguns togados e protestam contra o comportamento do ministro Dias Toffoli.

Para não ficar atrás desta maneira sórdida de ferir o Estado de Direito, decretando uma espécie de ditadura do Judiciário, alguns parlamentares – na sua maioria comprometidos com casos de corrupção – sugerem a formação de uma CPMI para “apurar” o uso das redes sociais para disseminar “ofensas” contra “autoridades”, tudo entre aspas…

A gente vê com tristeza e revolta que essas aparições assombram mais quando encontram imagens semelhantes na periferia do governo, influenciando e ameaçando a administração pública com desrespeito aos militares, que conferem ao presidente Jair Bolsonaro a base da confiança nacional.

Estes fantasmas estão se materializando, “sem a luz que flui dos seus corpos transparentes” como lhes descreveu o poeta Raul de Leoni; mas, felizmente, ainda não representam uma ameaça porque seu ectoplasma se mantem em estado bruto…

… E enfrentam, com certeza, a força do povo brasileiro que foi responsável pela eleição de Bolsonaro, e agora vai exorcizá-los todos, para rir no final!

 

 

 

 

2 respostas para FANTASMAS

  1. Ajuricaba disse:

    O pior de tudo é saber que nossos fantasmas não desocupam seus antros de terror. Fincam pé a arrastam suas correntes impunemente.

  2. Para mim o pior fantasma no momento em nosso país chama – se STF que continua dando “NOJO”.