DO DESPERTAR
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Das lições que os democratas progressistas adotaram após a desestalinização na antiga URSS e a consequente queda do muro de Berlim, foi a convergência para o Centro Democrático, apoiando-se politicamente na defesa da paz entre os povos, do meio ambiente e de uma economia que proporcionasse ao mundo do trabalho o bem-estar.
Este quadro tecnocolorido foi pintado com traços vigorosos nas experiências vividas pela social-democracia do Norte Europeu. Isto nos faz lembrar dos esquerdistas atuais que se dizem marxistas, mas nunca estudaram Marx nem mesmo os trabalhos publicados pelos que cantam loas ao autor d’ “O Capital”.
O escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre, pai do Existencialismo e dissidente do stalinismo, pensou dialeticamente e definiu com perfeição as duas principais correntes econômicas, dizendo que: – “Se o capitalismo é a realidade o marxismo é a melhor teoria”.
Esta dicotomia cabe perfeitamente no campo da Economia; quando envereda nas trilhas da filosofia e da sociologia, nada se vê de “melhor teoria” nas propostas coletivistas e no materialismo histórico. O coletivismo mata a individualidade e o “materialismo histórico” não passa de uma ilação ficcionista tendo como móvel a luta de classes.
À época em que foram levantadas, tais teorias convenceram de imediato um grupo de intelectuais preguiçosos no pensar, mas excelentes propagandistas de uma obra discutível e criando o culto ao seu ídolo.
No dizer de Bakunin “os propósitos ditirâmbicos desses personagens” impediram-nos compreender a evolução que o capitalismo delineava com o avanço da revolução industrial. Isto deu ao mundo trabalho novas perspectivas que não a ideia esdrúxula de uma sociedade identitária, sem classes, com um governo complexo para administrar a economia e a distribuição dos valores produzidos.
Viu-se, então, que para executar o projeto “comunista”, tivemos a primeira experiência na URSS, onde criou-se um “Estado Banqueiro” e o surgimento de uma nova classe para sustentar um governo hierarquicamente totalitário. O que se viu, e o Relatório Kruschev atestou, que o reino stalinista foi na verdade um regime ditatorial, abusivo, arbitrário e despótico.
A propaganda internacional alardeava outra coisa. Um paraíso artificial vivendo as benesses do “Pai do Povos Amantes da Paz”, para qualificar o Ditador como um dos mais simples designativos. Isto deixou seguidores enviuvados do “comunismo” soterrado nos escombros do Muro de Berlim”.
O marxismo-stalinista escondeu a realidade que se estabelecia na Europa, profetizada pelo notável pensador alemão Edouard Bernstein que desafiou os principais aspectos do pensamento de Karl Marx e é considerado o profeta da social-democracia.
Como ideólogo, Bernstein se diferenciou dos “apóstolos fiéis” da igreja stalinista, mas seus seminaristas atuais dessa igreja continuam rezando o credo stalinista.
Veem assim nas ditaturas populistas o extrato da utopia. Então, a teoria marxista cobriu-se de pó nas prateleiras nas prateleiras cedendo lugar à doutrina “woke”, não mais reconhecendo a “luta de classes”, mas a defesa de minorias injustiçadas supostamente pelo capitalismo.
O termo Woke, nascido na comunidade afro-americana significou inicialmente a ideia de “acordar, despertar” para “todas as injustiças”; ganhou mais tarde uma definição mais ampla ao ser adotado pela gíria novaiorquina com o atributo individual de “ser” ou “estar woke”, dependendo da condição social e política com as quais se identifica.
Surgiu então organizadamente uma expansão massiva com o propósito propagandista de atrair a massa das sociedades subdesenvolvidas como proposta socialista, submetendo as mentalidades colonizáveis.
Genialmente, Millôr disse que quando uma ideologia fica velhinha lá fora, vem morar no Brasil. E foi assim que a cultura Woke chegou aqui, após ser ignorada na Europa e repudiada nos EUA pelas grandes empresas e órgãos governamentais.
Entretanto encontrou aqui no campo fértil da polarização eleitoral do lulismo e o bolsonarismo, a sua existência, mostrada de um lado com a bandeira populista da pelegagem sindical e, do outro, no paternalismo surfando nas ondas do oportunismo da picaretagem parlamentar das rachadinhas.
É desta maneira que a massa ignara conduzida pela pelegagem lulopetista enxerga as maravilhas nas ditaduras populistas fantasiadas de marxismo. Os regimes bananeiros de Cuba, Nicarágua e Venezuela refletem apenas o fracasso da teoria marxista quando levada à prática.
Comentários Recentes