Catilinária

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Miranda Sá (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

“Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência? 
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?” (Marcus Tullius Cicero)

O embate de Marcus Tullius Cicero contra Lúcio Sérgio Catilina é envolta de muito mistério. Historiadores especializados em História Romana não conseguem unificar opiniões; e assim persistem controvérsias a respeito da adoção político-ideológica das duas figuras que tanto se projetaram, chegando à atualidade. A única convergência é que ambos são tratados apenas pelo primeiro nome: Cícero e Catilina.

O que nos chega ao exame dos fatos é a versão dos inimigos de Catilina, tal como nos ensinou o grande Machado de Assis no seu romance Quincas Borba: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

O vencedor, Cícero, é por demais conhecido; quanto a Catilina há apenas retalhos do seu perfil. Foi amigo de Júlio César e de Crasso, e seguiu a carreira política, como questor, pretor e governador da África.

A briga dos dois começou quando Catilina candidatou-se a cônsul e foi derrotado por Cícero. A derrota se deveu à acusação de que ele desejava a volta da monarquia, conspirando com jovens patrícios ambiciosos e com os gauleses insatisfeitos com a administração de Murena, indicado por Cícero.

Levando à nuvem a verdade histórica e mesmo a sua explicação, o que restou foram os discursos do orador ímpar que foi Cícero. Nos meus tempos de ginásio (2º grau) a gente estudava latim, e as peças mais apreciadas eram justamente as quatro ‘Catilinárias’, onde aprendíamos a força das palavras.

Nos vestibulares para Direito, também entrava o latim e, consequentemente, Cícero; e o verbete ‘catilinária’ compõe os dicionários como acusação violenta e eloquente, censura, repreensão veemente.

Quando cobri as sessões da Câmara dos Deputados, ainda no Rio, no Palácio Tiradentes, ouvi muitos discursos com frases tiradas das Catilinárias, e uma delas era repetida quase sempre: “Oh, tempos, oh, costumes”.

O tempo e os costumes de agora nos fazem lamentar a falta de um grande orador no Congresso Nacional. Falta alguém para traduzir o sentimento indignado do povo contra o domínio do mal representado pela dupla nociva de Lula e Dilma; falta alguém que acuse diretamente a roubalheira e a incompetência com a força da razão.

Lembro o capítulo da História do Brasil em que o paraibano José Américo de Almeida semanas antes do golpe de 1937 verberou contra o governo Getúlio Vargas: “É preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar!”

Reconheço que não faltam parlamentares oposicionistas atacando o insano governo Dilma. Há muitos, e eu até tenho me surpreendido com a qualidade de alguns jovens deputados e senadores que assisto pela TV. A falha está no uso de uma linguagem que o povo entenda, dizendo tudo, trocando em miúdos o que os assaltantes do patrimônio público fazem no Brasil.

É preciso traduzir para o povo as alianças espúrias do lulo-petismo com ditadores, terroristas e até com o crime organizado. A arte de discursar manifestando com discernimento precisa ser levada às massas.

Para desmascarar a pelegagem corrupta que ocupa o poder repudiado por 93% do povo brasileiro estaríamos melhor com a oratória elegante de um Carlos Lacerda, Flores da Cunha, João Mangabeira e Vieira de Melo ou a vibração contundente de um Leonel Brizola.

Lembro que a primeira Catilinária foi um improviso de Cícero cara a cara com Catilina, que poderia ser dirigida hoje à organização criminosa que domina o País e ao golpismo sórdido de Lula da Silva, com as mesmas palavras: “Não vês que a tua conspiração já está dominada por todos que a conhecem?”

 

11 respostas para Catilinária

  1. elisabeth laval jede disse:

    Quosqui tuo ó Catilina abutere patientia nostra???Saudades do ginasio com a professora Otilia Arns. !!!

  2. 1º: UM ATO FALHO FOI PERCEBIDO EM: “Nos meus tempos de ginásio (2º grau) a gente estudava latim, e as peças mais apreciadas eram justamente as quatro ‘Catilinárias’, onde aprendíamos a força das palavras”. No Governo Castelo Branco… Exatamente ATÉ o ano 1966…O que chamamos hoje de ENSINO FUNDAMENTAL… Era realizado em duas etapas: primário e ginásio. Após primário e ginasial havia as opções: científico, clássico e cursos técnicos a exemplo do “técnico em contabilidade”.
    2º:”Reconheço que não faltam parlamentares oposicionistas atacando o insano governo Dilma. Há muitos, e eu até tenho me surpreendido com a qualidade de alguns jovens deputados e senadores que assisto pela TV. A falha está no uso de uma linguagem que o povo entenda, dizendo tudo, trocando em miúdos o que os assaltantes do patrimônio público fazem no Brasil”.
    OPOSIÇÃO ÀS SOMBRA NO CRISTIANISMO:
    O TRIBUNO DIVINO DISSE:
    “Os escribas e fariseus estão assetados na cadeira de Moisés. E eu vos recomendo observar e praticar tudo que eles vos disserem… Mas jamais deveis proceder de conformidade com as suas obras, pois dizem (que é necessário que se faça) mas não o fazem….Atam fardos muito pesados… Difíceis de carregar, e os põem nos ombros dos homens… Eles porém NÃO ESTÃO DISPOSTOS A MOVÊ-LOS nem (com a força existente em) um dedo” Mateus 23:02 a 04
    PEDRO UM OPOSITOR SEM EXPERIÊNCIA RESPONDE A QUEM TEME PERDE O PODER segundo o que pode ser visto registrado em ATOS 05:27 A 32:
    SUMO SACERDOTE: – Já não os admoestamos expressamente que estão proibidos de falar de Deus, usando o nome de Jesus? Agora estão se rebelando enchendo o povo de Jerusalém com a doutrina dele…. E ainda têm coragem de nos acusar de culpados da morte dele!….
    SIMÃO PEDRO: – “Mais importante é obedecer às determinações de Deus, do que às vossas…Pois esse Deus (que é muito poderoso) trouxe novamente à vida esse Jesus que vós matastes pregando-o na cruz.
    Deus com o seu poder fez cumprir o que prometeu a Davi: Um descendente seu se sentará no seu trono e governará o povo de Deus por toda a eternidade”.

  3. Caro Miranda. A questão é que o ensino básico e o secundário não estimulam mais para as verdadeiras “ciências humanas”. A força da comunicação verbal depende do domínio do vernáculo e é só olhar as notas de Redação nos vestibulares para nos “esvaziar de esperanças”.

  4. Amado Miranda, tenho dito isto e até já comentei com você. Não vejo ninguém com coragem e/ou moral pra falar alto, agir e expurgar essa raça dos infernos que está assentada no poder. Eu lhe confesso, como já lhe disse antes, não creio em mais nada da política deste país. Não estou me acovardando, mas cansei de ter até dificuldade pra dormir, por conta de sentimentos tristes relativos ao nosso Brasil. Tenho recebido informações de pessoas (amigos) que moram no exterior e trabalham em mercado financeiro. Uma das informações que recebi foi exatamente há 4 meses atrás e essa informação dava conta de que após o meado no ano o Dólar iria disparar, passando facilmente dos R$ 3,60 e chegaria até R$ 4,00 ainda neste ano e que se manteria (manterá) altíssimo durante todo 2016. Publiquei IMEDIATAMENTE isto no Facebook do Jornal O Globo (basta pesquisar). Fui motivo de chacota, mas continuei “avisando”. O resultado está aí. Neste semana fui lá no Face do O Globo e perguntei: alguém lembra das minhas publicações de meses atrás sobre o Dólar? Uma pessoa, apenas uma, me disse se lembrar. Ontem recebi outra informação desta mesma pessoa (amigo) lá de fora. Ele me disse abertamente: André, se tens dinheiro no banco, retire imediatamente. A nova Grécia será o Brasil. Haverá controle de saque e não tem como mudar isso. Já está em andamento. Mas eu, Miranda, simples músico da noite, ilustre desconhecido, nunca terei voz ativa, exceto com os meus. O que quero dizer com isso? O povo deste país parece está dopado. Não busca por informações e, pior de tudo, ainda tem gente que defende essa quadrilha maldita de comunistas, bandidos, marginais do PT e seus aliados. Sinceramente, não vejo solução. Até os homens de 4 estrelas, que são indicações políticas, estão vendidos ou comprados, como preferir. A solução para tudo isto vai de encontro ao que prego, é totalmente contrária a minha ideologia. Prego e sempre pregarei a liberdade, a democracia, mas infelizmente só resta os homens de 3 estrelas se rebelarem e colocar um fim nessa vergonha, me perdoe a palavra chula, colocar um fim nesse puteiro que se transformou o Brasil.

  5. vileite disse:

    Concordo com você e isso é por demais lamentável .,

  6. vileite disse:

    Eu também estudei Latim na Escola Normal e era uma das matérias que eu mais gostava bem com a História das grandes civilizações e impérios antigos.É triste ver como o ensino de hoje está todo mutilado e que os alunos não têm interesse em aprender.
    Falta-nos oradores que saibam usar corretamente as palavras e que sejam carismáticos como foi , dentre outros, Carlos Lacerda que empolgava a quem o ouvia e soube lutar pelo bem do país.

  7. MarileneMG disse:

    Bem lembrado!

  8. MarileneMG disse:

    É frustrante um estudante de nível médio não conhecer pequenas regras.

  9. MarileneMG disse:

    Desde 1984 venho dizendo que o PT é “ócio” e não ‘ópio’, ou seja, para o povo que só quer badalar, seja de qual classe social seja. Ócio mental é como a morte eterna antecipada. Concordo que não visualizo nenhum homem que controle no Brasil o maior poder da Terra = Política.

  10. Leo Santos disse:

    Professor, quem aqui vem e lê, só tem uma cosia a fazer: Agradecer!
    Você me fez lembrar dos primórdios e até de minha mãe dizendo: “Menino, podes parar com essa tua Catilina porque não vou te deixar sair”. (Risos)E do “Ginásio” ?
    Você, certamente, não dar-me-ia uma nota dez ao estilo.Todavía, sabe que busco falar como e para o povo,fazendo-o clara e até chulamente,se necessário, desde que o objetivo seja alcançado e lhe ‘trespasse’ a informação correta e salvadora.
    Você concluiu citando Lacerda, o último dos oradores de quem me lembro e li o compêndio de seus discursos.Ora, era jornalista e bacharel,como nós. (risos) Já não se fazem nem réplicas.
    Doravante,, só nos resta resistir e seguirmos Machado: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
    Parabéns por mais esta obra de arte.
    Saúde e Vida Longa !

  11. deaC disse:

    Que texto bacana, Miranda. Leio sempre com atraso o que prometo ler, mas leio. E casualmente hoje, quando vi pela televisão a prisão do José Dirceu, e diziam que ele havia reproduzido na Petrobras as mesmas ações do Mensalão, o meu primeiro pensamento foram as palavras de Cícero: “Até quando, abusarás de nossa paciência”. Por quanto tempo essa gente ainda zombará do povo brasileiro?
    É tudo muito triste.
    É verdade, faz falta no nosso parlamento alguém com o poder de oratória, alguém com uma retórica que encante os que estão vendo pela tv do Congresso. O último que me veio à memória era um senador do Amazonas, chamado Jefferson Peres. Na Câmara, não existe ninguém com qualidade que nos impressione.