BOLA OU BÚLICA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

        “Ninguém pode aterrorizar uma nação inteira, a menos que sejamos todos seus cúmplices” (Edward Murrow)

Na “aurora de minha vida”, antes da adolescência, tive três sonhos materializados; jogava com arte bola-de-gude, desenhava mapas por mim imaginados de um mundo sem guerras; e, embora ainda carregue dúvidas se foi meu pai ou eu mesmo que mentiu ao outro, li todos os livros da estante que ele disse serem somente para adultos…

Os mapas e os livros foram levados a sério durante toda a vida, por que acompanho a política internacional e chego a ler dois ou três livros ao mesmo tempo. Quanto as bolas-de-gude é uma saudade que carrego até hoje.

O jogo requer uma técnica toda especial. É como tocar flauta, piano ou violão, porque requer um movimento preciso em que a bolinha é posta sobre o dedo indicador com a mão fechada e com o polegar dar-lhe um impulso com força medida para chegar ao ponto que se quer.

As bolinhas são de vidro, metal (tiradas de rolimãs), pedra e porcelana chamadas no Rio de “Bola-de-gude” ou “Bila”; aparecendo no resto do país como “Biloca”, “Bolita, “Cabiçulinha”, “Pêca”, “Tilita” e “Ximbra”.  Dizem que em Portugal e ex-colônias africanas denominam “Berlinde”.

São inúmeros os tipos de jogo, muito mais do tempo em que tínhamos apenas “Buraco” ou “Búlica”, “Triângulo”, “Zepelim” e o mais simples “Mata-Mata”, que consiste em cada jogador procurar jogar a sua bola contra a dos adversários; acertando, ganha a bola atingida.

Entre essas modalidades a mais divertida é a Búlica: Cava-se três covas (búlicas) na areia com o calcanhar cada uma a uma distância de mais ou menos um metro da outra, e, após sorteio, o primeiro jogador tenta “emburacar” a série em ida e volta e se conseguir ganha uma bolinha de cada participante.

Caso erre uma das covas, a bola fica onde parou e o jogador seguinte mira na bola e no buraco gritando – “Bola ou Búlica! ”, atingindo às vezes os dois alvos…

Se a cena política no Brasil fosse um imenso campo de jogo de Búlica e fôssemos jogadores, devíamos nos concentrar deixando passar pelo nosso cérebro a aceleração pela adrenalina para acertar duplamente na Bola dos inimigos do Brasil e na cova dos que fingem ser seus adversários.

Está tudo posto no jogo: é Bola ou Búlica. Os três poderes da República ou estão aparelhados, ou são corruptos, ou inertes pelos dois motivos; junta-se a eles a mídia e os seus “especialistas de tudo”, que embora anônimos, são sempre citados nas reportagens para dar seriedade às matérias levadas ao povo de fé, mas não para mim, descrente por conhece-los muito bem…

Atravessamos a temporada de caça ao eleitor pelos mesmos caçadores de sempre (com raríssimas exceções), todos sorridentes prometendo milagres e pregando a paz, enquanto seus cúmplices atacam os adversários sem dó nem piedade.

Viu-se isto no brutal atentado terrorista contra o candidato à Presidência, Jair Bolsonaro. O cenário é de guerra, porque as investigações estão em curso e não duvido de que o pretenso assassino recebeu ordens do alto, mas não de Deus, como a representação de insanidade insinua.

O bandido que se diz “desempregado” viajou por vários estados, como se viu pelas passagens encontradas pelos investigadores no seu cafôfo; cujo aluguel foi pago antecipadamente com dinheiro vivo; e, preso, é defendido por uma empoderada banca de advogados.

Mesmo sem ter uma definição eleitoral até agora, obrigo-me a prestar solidariedade a Bolsonaro, sua família, seu partido e seus seguidores, repudiando a suprema canalhice dos lulopetistas que desconfiam do atentado, como se todos adotassem suas fraudes costumeiras.

4 respostas para BOLA OU BÚLICA

  1. Alvaro Santos disse:

    Caríssimo, deveras fui ruim de mais nestes jogos, principalmente bolinha de gude. Infelizmente na minha casa não haviam estantes repletas de livros, mas lhe garanto que me diverti muito com a Playboy debaixo das camas; observava os meninos jogando buraco entendia a tática e a malícia mas não detinha a técnica, e , naquela época não existia o posto Ipiranga.

    Sim, Jair Bolsonaro foi covardemente atacado, mas como no jogo de bolas de gude, não posso deixar de apontar que o mesmo prevaricou com sua vida, senão de forma proposital, de forma incompetente; ele mesmo alertou da possibilidade e o mesmo não tomou as devidas precauções.

    Essa insistência em jogos de guerra de sinais, essa massiva busca por um culpado corporativo pronto, onde se explora minutos e horas preciosas de exposição na TV; não que não seja, mas no meu ponto de vista se fosse ele estaria morto, vide os outros episódios ocorridos no Brasil.

    Digo isso, pois se ele houvesse sido vítima de um profissional armado à longa distância o estrago seria maior; ele ofereceu seu corpo e sua cabeça para o abate sem colete. Sem contar seu pessoal de contingência que permitiu a aproximação de um estranho.

    No mais, não podemos nos esquecer que isso aqui é o Brasil; terra das coisas inimagináveis…

  2. “Mesmo sem ter uma definição eleitoral até agora, obrigo-me a prestar solidariedade a Bolsonaro, sua família, seu partido e seus seguidores, repudiando a suprema canalhice dos lulopetistas que desconfiam do atentado, como se todos adotassem suas fraudes costumeiras.” Miranda Sa
    Meu foro íntimo está exatamente na mesma situação política do jornalista amigo
    As lembranças do Misranda Sá estão bastante focadas nos seus tempos em que era o “Rei da Bola de Gude”
    Desse tempo lembro-me que meus professores elogiavam a inteligência de Clóvis Bevilácqua e que já no 1º Império Brasileira a Assembléia Contituinte demorou tanto na redação da 1ª Carta Magna do nosso país que D Pedro I foi obrigado a adotar uma Constituição por ele mesmo outorgada em 1824
    No período republicano nosso país possuiu as constituições de 1891, De 1934; de 1937;de 1946; de 1967, que sofreu uma em 1969. E por fim esse de 1988 com a cara da estupidez do PT
    JAMAIS Jânio da Silva Quadros deixou claras as razões da sua renúncia em agosto de 1961, mas eu deduzo pelas entrelinha da sua fala quando ele disse que se tivesse conhecimento de causa dos seus deveres e obrigações estipulados pela Constituição de 1946, jamais a teria jurado
    Eu sei que Miranda Sá está muito inclinado a votar no Geraldo Alckmim, mas ele há de concordar comigo que as suas promessas de campanha são mentirosas e irrealizáveis se forem fundamentadas nos textos oferecidos pela Constituição de 1988

  3. Marjorie Salu disse:

    Grato pelas referências e a aula sobre as constituintes e constituições. Uma braça fraternal

  4. ALEXSANDRO FERNANDES disse:

    Perfeito!, faço minha suas palavras e acrescento que o tiro ou melhor a facada cuja as mãos que estão por trás e que realmente empurraram a faca no candidato Jair Bolsonaro as investigações e o futuro breve, espero eu, nos dirão, saiu pela culatra.