BARALHO

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                     “Tem gente que a vida inteira, fica travando inútil luta com os galhos, sem saber que é lá no tronco que tá o coringa do baralho” (Raul Seixas)

São tão confusas e difíceis de entender as circunstâncias políticas que o Brasil atravessa, que me veio à cabeça o verbo transitivo direto “embaralhar” que, dicionarizado significa misturar as cartas do baralho, alterar, atrapalhar, confundir, criar desordem…

De embaralhar vamos a Baralho, cartas retangulares de cartolina ou papelão (hoje os chineses exportam os de plástico), que, segundo alguns historiadores teriam surgido na China e, com outra versão, de origem árabe.

O mais conhecido no Ocidente obedece ao padrão francês, que segundo dizem foi criado pelo pintor Jacquemin Gringonneur, sob encomenda do rei Carlos VI e se popularizou graças a tecnologia da fabricação de papel e da impressão.

O baralho francês tem 52 cartas, com 13 cartas de cada um dos quatro naipes, paus (♣), ouros (♦), copas (♥) e espadas (♠), com quatro cartas de figuras em cada naipe, mais um ás e um coringa.

O baralho é utilizado em vários jogos, que entre os conhecidos no Brasil, temos o Buraco, Burro, Canastra, Fedorento, Maumau, Naipe, Pife-pafe (“pife” ou “relancim”), Pôquer, Ronda, Sete-e-meio, Sueca, Truco e Vinte-e-um.

Há o baralho cigano, para prática advinhatória e com cartas especiais, também se usa para o jogo do Tarô.

No vicioso esquema político reinante no Brasil se misturam a Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro, o MPF, a PF, condenações populares à impunidade, lista fechada, fundo partidário, contribuição sindical compulsória, lentidão no STF, embaraços que se somam às conspirações degeneradas para anistiar o Caixa 2.

As cartas aqui poderiam trazem novas figuras que não às atribuídas por Gringonneur, levando para o lado do mal as cartas de espadas, aziagas, segundo jogadores empedernidos, e as cartas de ouros para o lado de bom.

Os delatores seriam os azes e Sérgio Moro o Coringa, com a vantagem da judicatura ser um trunfo.  Em certos jogos, o trunfo é o naipe apontado pelo corte do baralho que passa a ter superioridade sobre os demais naipes.

Temos alguns trunfos entre os políticos que escaparam da malsinada praga que o lulopetismo espalhou nos poderes da República e juiz Sérgio Moro – O Coringa – se diferencia pela independência e sobretudo pela coragem de enfrentar os poderosos.

Robert Louis Stevenson escreveu que “Nem sempre a vida é um jogo com cartas boas/ às vezes temos que jogar também com uma mão ruim”. É o que assistimos na grande mesa verde em que jogamos, os patriotas brasileiros contra a organização criminosa que sem-cerimônia assaltou o País.

Os parceiros da corrupção começaram a perder o jogo quando Dilma – ocupando a presidência da República tentou garantir prerrogativa de foro privilegiado para Lula nomeando-o para a Casa Civil. Perderam essa mão. E perderam a primeira rodada com o impeachment.

A mais importante partida é jogada agora. O az das delações premiadas, Marcelo Odebrecht, pôs na mesa as cartas que envolvem Lula e Dilma, embaralhados com próceres peemedebistas e tucanos.

Por fim, estas denúncias levaram à união os envolvidos em falcatruas. Eles tramam, no Executivo, Legislativo e Judiciário uma escapatória. Cozinham, às escondidas, projetos infames, como o abuso da autoridade e a anistia ao Caixa 2.

Será o povo nas ruas que dará a última cartada!

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