Augusto dos Anjos

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SOLILÓQUIO DE UM VISIONÁRIO

Para desvirginar o labirinto

Do velho e metafísico Mistério,

Comi meus olhos crus no cemitério,

Numa antropofagia de faminto!

A digestão desse manjar funéreo

Tornado sangue transformou-me o instinto

De humanas impressões visuais que eu sinto,

Nas divinas visões do íncola etéreo!

Vestido de hidrogênio incandescente,

Vaguei um século, improficuamente,

Pelas monotonias siderais…

Subi talvez às máximas alturas,

Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,

É necessário que inda eu suba mais!

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