As atuais eleições e a reforma politica
MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br
As eleições estão aí, ocupando todos os espaços da nossa vida. Enchem os meios de comunicação; tevê, rádio e jornal só falam nisso, tornando obrigatório o tema nas conversas do dia-a-dia.
Os bem-informados sabem que a maioria dos brasileiros é contra o voto obrigatório. Basta ao eleitor um mínimo de consciência democrática para sentir-se algemado a um sistema político que rejeita e até repele.
Esta contrariedade está refletida na dispensa dos jovens entre 16 e 18 anos do direito de votar. São as estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral que apontam para a desesperança da juventude diante da política e dos políticos.
Ocorre com a cidadania de maneira geral o mesmo cansaço dos jovens em ver as bandalheiras dos políticos e o descrédito com os governos, principalmente o maior gerador de corrupção, o governo federal, cujo chefe passa a mão na cabeça dos corruptos.
Além disso, quando chega o momento eleitoral a coisa piora, porque os candidatos retratam o cinismo dos atores e a falsidade das promessas. Uma das coisas mais irritantes é o marketing que esconde a ficha-suja do candidato e realça – como um mérito – as realizações obrigatórias dos homens (e mulheres) públicos (as).
Algum entre a meia dúzia de três ou quatro leitores desta coluna sabe como se sente um aposentado ou pensionista, por exemplo, ouvindo o discurso e vendo a cara cínica de um parlamentar que votou contra seus direitos?
Como eleger os que defenderam a reforma da Previdência e roubou cinco anos de aposentadoria dos trabalhadores como queria o FMI?
É uma obrigação da cidadania consciente olhar o comportamento dos moços e respeitar os idosos. A sociedade como um todo, mas particularmente os velhos e as crianças, deve receber da administração pública alimentação, educação, saúde e segurança pública. E isso deve ser a direção do sufrágio popular.
Verdade que não é de pão que vive o homem (e a mulher). Seria muito bom que fosse assegurado a cada um o direito à cidadania, ao trabalho, à cultura e ao lazer. A dignidade humana requer também respeito e liberdade.
Esta semana chegou ao Congresso Nacional uma proposta do presidente Lula da Silva visando a reforma política. Como sempre, a velha experiência de pelego sindical leva-o a transferir para outrem as suas tarefas. Então serão os parlamentares os responsáveis pelos remendos que o lulismo-petismo propõe.
São remendos, sim, porque não se aprofundam nas reais necessidades de mudanças no sistema político. Não fala de dar segurança de conferência do voto nas urnas eletrônicas, não traz qualquer referência ao voto obrigatório e nem sequer sugere a adoção do voto distrital.
O conteúdo do projeto governista, portanto, não passa de água-de-flor-laranja. É reforma para deputados e senadores corruptos sorrirem e aceitarem, mas não o povo.
Será eficaz o modelo que apenas lembra as listas fechadas para candidatos, fim das coligações proporcionais e piso eleitoral para as legendas partidárias? É evidente que não, porque as janelas estão abertas para a eventual saída.
Está nas mãos do povo unido (que jamais será vencido) o fim da corrupção organizada do sistema político, banindo para todo o sempre os personalistas, aventureiros e charlatães.
As eleições só serão legitimadas com a comprovação do voto informatizado, com eleições distritais e sem candidatos fichas-sujas ou perjuros. Enquanto se mantiver o sistema atual, a democracia continuará enferma, sem legitimidade.
E será sempre doloroso a gente comparecer às secções eleitoriais para validar a sujeira da aliança nojenta do caciquismo e da pelegagem neste país.
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