Poesia

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Cárcere das Almas

 

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

soluçando nas trevas, entre as grades

do calabouço, olhando imensidades,

mares, estrelas, tardes, natureza.

 

Tudo se veste de uma igual grandeza

quando a alma entre grilhões as liberdades

sonha e, sonhando, as imortalidades

rasga no etéreo Espaço da Pureza.

 

O almas presas, mudas e fechadas

nas prisões colossais e abandonadas,

da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

 

Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves

para abrir-vos as portas do Mistério?!

 

 

Cruz e Souza

 

O Poeta

 

João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham.

 

Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.

 

Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro.

 

Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.

 

Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos.

 

O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.

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