Stéphane Mallarmé (1887)

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Dama

 

sem tanto ardor embora ainda flamante

A rosa que cruel ou lacerada e lassa

Se deveste do alvor que a púpura deslaça

Para em sua carne ouvir o choro do diamante

 

Sim sem crises de orvalho antes em doce alento

Nem brisa o fragor do céu leve ao fracasso

Com ciúme de criar não sei bem qual espaço

No simples dia o dia real do sentimento,

 

Não te ocorre, talvez, que a cada ano que passa

Quando em tua fronte se alça o encanto ressurreto

Basta-me um dom qualquer natural de tua graça

 

Como na alcova o cintilar de um leque inquieto

A reviver do pouco de emoção que grassa

Todo o nosso nativo e monótono afeto.

 

 

 

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