Poesia

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A ESPUMA, O ARRECIFE

 

Solidão a não escalar, quantos caminhos!

Vestes vermelhas, horas tantas sob as árvores!

Adeus, nesta alva fria, minha água pura,

Adeus, mesmo apesar do grito, o ombro, o sono.

Escuta, nunca mais as mãos que se retomam

Como perpetuamente a espuma e o rochedo,

Nem mesmo aqueles olhos que buscam a sombra,

Amando antes o sono ainda partilhado.

Nunca mais se tentar unir voz e oração,

Noite e esperança, anseios do abismo e do porto.

Vê, não é Mozart que luta em tua alma,

Mas o gongo, contra a arma disforme da morte.

Adeus, semblante em maio.

O azul do céu é tíbio neste dia, aqui.

Do astro da indiferença o gládio fere ainda

Uma vez mais a terra do que está dormindo.

 

Yves Bonnefoy

 

O Poeta

Yves Bonnefoy nasceu no dia 24 de junho de 1923, na cidade de Tours, Departamento de Indre-et-Loire, no interior da França, de pai ferroviário e mãe professora primária. Após o curso secundário realizado em sua cidade natal, estudou matemática e filosofia, tendo obtido o “baccaloréat” em 1941.

Depois, na Universidade de Poitiers, e em seguida, a partir de 1943, na Sorbonne, prosseguirá os estudos de matemática superior, história das ciências e filosofia.

Saiba mais aqui

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