COMENTÁRIO (I)

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O francês Pierre Beaumarchais (1732-1799) foi um ser humano notável. Viveu como poucos os dramas de seu século, o 18. Escreveu duas peças notáveis: “O Barbeiro de Sevilha” e “As Bodas de Fígaro”. Nesta última, esboçou uma definição precisa de política. Tão certeira que sobrevive aos tempos. Beaumarchais acomodou na voz do personagem Fígaro a fala que nos interessa realçar. Refere-se assim à arte da política:

“[…] Fingir ignorar o que se sabe e saber o que se ignora; entender o que não se compreende e não escutar o que se ouve; sobretudo, poder acima de suas forças; ter freqüentemente como grande segredo o esconder que não se têm segredos; fechar-se num quarto para talhar penas, e parecer profundo quando se é apenas, como se diz, oco e vazio; […] procurar enobrecer a pobreza dos meios pela importância dos objetivos: eis toda a política, ou então morra eu!”

Até parece que Fígaro referia-se à Brasília dos dias atuais. Ali, mesmo os desentendidos em política conseguem alcançar as politicagens. Ali, o excesso de cabeças é confrontado com a escassez de miolos. Ali, enfim, armam-se os melhores estratagemas para alcançar os piores subterfúgios.

Fonte: Josias de Souza

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