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Ferramentas da Web tornam-se armas: o Twitter

MIRANDA SÁ, jornalista E-MAIL: mirandasa@uol.com.br

 As rebeliões contra as ditaduras e governos monocráticos do mundo árabe registram um fato novo na História da Humanidade: a mobilização, organização e levante das elites intelectuais influindo sobre as massas. Assim ocorreu na Tunísia e no Egito derrubando-se ditadores; ensaia-se no Bahrein e no Iêmen, e transcorre como guerra civil na Líbia, com intervenção estrangeira.

Tive a maior atenção em ler Diego Beas, articulista do renomado órgão espanhol El Pais, constatando um axioma quando ele escreve que “A rede social dotou o cidadão de uma nova e magnífica ferramenta que necessariamente subtrai poder ao Estado”.

Divulguei a máxima no Twitter e venho exortando meus seguidores a levar muito a sério o uso dessas ferramentas, Facebook, Orkut, Twitter, YouTube e outras, no combate à exploração econômica e aos maus políticos.

A verdade é que não são mais as escolas que arregimentam a opinião pública, levantando os estudantes. No caso dos institutos de segundo grau a resistência natural do aluno a um ensino superado e sem atrativos, aquieta e burrifica àqueles que um dia escreveram capítulos heróicos da História do Brasil.

No caso universitário, a ditadura conseguiu destruir a convivência das turmas ao longo do curso, e a redemocratização manteve essa prática desagregadora que impede o conhecimento coletivo dos caracteres e estímulo às lideranças.

Além disso, a Universidade está dominada por uma facção, como num pátio de colégio interno, por uma turma audaciosa, agressiva, egocêntrica e egoísta. Uma fração minoritária arregimenta a massa de acomodados como um rebanho, e o pior é que essa fração é cooptada pelo governo com benesses, promoções e verbas públicas.

Assim cabe à cidadania letrada – que compõe e dá essência à Rede Social – levantar o modo patriótico de pensar a realidade, fazer críticas e sugestões, sugerir mudanças e organizar as tendências políticas semelhantes.

Coexistem com esta proposição dois problemas antipopulares. A volta da CPMF e a transferência do Legislativo para o Executivo da prerrogativa de legislar por decreto no caso do Salário Mínimo.

A CPMF – o famigerado Imposto do Cheque – em boa hora derrubada na legislatura passada – teve a origem bem-intencionada de atender à assistência médica pública, sendo desvirtuada desde o início por desvios de finalidade, transferência de responsabilidade e, porque não dizer, entrando pelos ralos da corrupção.

Num típico estelionato eleitoral, os governadores do Nordeste se reúnem e reivindicam a volta deste imposto maligno, que não levaram aos seus palanques na campanha. Contra eles muitos teem se levantado na Rede Social, contra a mentalidade tacanha dos dirigentes nordestinos, me envergonhando sobremaneira por essa indignidade vir da região onde nasci.

O caso da governança federal por decreto me assusta. É um passo para a ditadura, porque é intolerável numa democracia essa prática comum aos governos totalitários. A corrente #AbaixoDecreto no Twitter obteve mais de trezentas mil assinaturas, número respeitável em termos políticos.

A Internet oferece a tecnologia que revoluciona o mundo, os costumes, a maneira de ver e a consciência da força cidadã.

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