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Lula tenta amenizar polêmica, mas diz que também pode “julgar palpites dos outros”

Para tentar amenizar a polêmica com o Judiciário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, em Aracaju, que não há crise entre os poderes e que não se referiu ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, quando atacou na quinta à noite os críticos do programa Territórios da Cidadania.

“Primeiro, eu não citei o nome do ministro. Segundo, eu disse que se a lógica prevalecer e o governo federal não puder fazer parceria com municípios em ano de eleições municipais, em que o governo federal não disputa a eleição, ou no ano em que o presidente da República disputa a eleição, que não é o mais meu caso, significa que no mandato de quatro anos você vai governar dois anos. É impossível imaginar governar o Brasil de forma diferenciada, fazendo justiça neste país, se você não envolver um pacto federativo entre Estado e os municípios”, disse o presidente.

Desde que lançou o programa, no início desta semana, Lula tem reclamado da oposição. DEM e PSDB ingressaram com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a suspensão e a inconstitucionalidade do decreto que cria o programa. Os partidos alegam que a legislação eleitoral veta a criação de novos programas via decreto presidencial, assim como o aumento de despesas só pode ocorrer por meio de projeto de lei.
O ministro Marco Aurélio Melo tem feito alertas sobre a ampliação de programas sociais em ano eleitoral. “Eu jamais fiz qualquer juízo de valor sobre qualquer coisa transitada em julgado [sem possibilidades de recurso] neste país, ou seja, sentença da Justiça a gente cumpre”, disse Lula.

“Agora, da mesma forma, como ser humano e brasileiro, as pessoas dão palpite sobre as coisas, o presidente da República pode dar palpite e julgar o palpite dos outros. Nós estamos em um debate político”, afirmou Lula.”Não existe crise entre poderes neste país, até porque cada poder tem autonomia suficiente e nós aprendemos que a sustentabilidade da democracia está no fato de você respeitar a autonomia de cada um”, completou Lula. Na quinta-feira, sem citar o nome do ministro, Lula criticou os alertas. “Tem que perguntar se ele quer ser ministro da suprema corte ou quer ser político. Se quer ser político, que renuncie e se candidate a um cargo para falar as bobagens que quiser, a hora que quiser, e não ficar se metendo na política do Poder Executivo”, disse Lula.

“Seria bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas deles, o Legislativo apenas nas coisas deles e o Executivo apenas nas coisas deles. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição”, afirmou Lula em discurso.Em entrevista ao UOL, o ministro do STF e presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, considerou a declaração um “arroubo de retórica”.
“Eu sou um arauto da liberdade de expressão.

Respeito o ponto de vista do presidente da República. Agora, os poderes são harmônicos e independentes. São os freios e contrapesos que levam a uma contenção na atividade administrativa. Eu só posso atribuir as palavras como um arroubo de retórica”, disse.

Fonte: Uol Notícias

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