NOÇOQUÉN

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                 “Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores” (Cora Coralina)

O título deste artigo, Noçoquén, parece esquisito, mas é bastante conhecido por antropólogos e indigenistas. Trata-se de uma reserva de plantas medicinais que os indígenas brasileiros, principalmente os amazônicos, mantinham e que foi estudado pelo cientista Curt Nimuendaju.

Uma espécie primitiva de jardim botânico que entra na minha narrativa para falar das Amazonas – mulheres guerreiras que em regime de matriarcado dominavam as tribos ancestrais dos Apiacá, Maué, Mundurucu e Mura. Pode ser lenda, mas também pode ser verdade, e a narrativa oral sobre essas guerreiras alcançou o princípio do século 20.

Lembrei-me de pesquisar sobre as Amazonas por causa de um fenômeno social da atualidade brasileira, cheio de razão e também de muita hipocrisia, denominado “feminismo”. Grifo “atualidade brasileira”, porque esse movimento vem de longe com suas heroínas e vitórias desde o século 19, com as mulheres inglesas lutando pelo direito de voto.

100 anos depois mulheres do Hemisfério Ocidental principalmente na Europa, ainda combateram (é de achar graça) para usar maiô de duas peças, mais tarde batizados de “biquínis”…

Nos fins do século 20 a História registra o que os pesquisadores e as próprias ativistas feministas denominam a “terceira onda”, o empenho das mulheres para conquistar a igualdade política legal e social com os homens.

Com exagerada e ruidosa participação de minorias, o movimento feminista embaralhou-se nas agitações pela liberdade sexual, desviando-se da causa original da manifestação pela igualdade de gênero.

Autodenominando-se “de esquerda” a facção diversionista assume atitudes agressivas a ponto de serem apelidadas de “feminazi” – por comparação com as tropas de choque hitleristas que aterrorizaram o povo alemão.

Além da linguagem violenta, as “feminazi” mostram total ignorância sobre a vida dos seus ídolos, pois Engels e Marx possuíram amantes; e, na sua fingida afetação exigindo a liberação total da sexualidade, defendem o islamismo, que relega a mulher a um plano secundário e pune com pena de morte o homossexualismo.

Felizmente, a má influência e a alienação só atingem uma ínfima minoria. As feministas autênticas se afirmam enaltecendo as lendárias Amazonas, que deixaram no Brasil os traços das primeiras sociedades humanas, do matriarcado com modo de produção comunitário e atividades comuns na colheita, na caça, na pesca e na guerra.

Nos dias de hoje, o papel da mulher trabalhadora recupera este respeito, participando de todas as atividades econômicas, culturais, políticas e sociais. Injustamente continuam sendo menos remuneradas do que os homens e ainda encontram portas fechadas para si.

Segundo o respeitável cientista e pesquisador Nunes Pereira, as antepassadas das mulheres trabalhadoras da atualidade eram responsáveis e guardas dos ‘noçoquéns”; as Amazonas os administravam com o conhecimento e a prudência dos pajés, colhendo, ensinando e receitando remédios fitoterápicos a quem deles necessitava.

É esta atividade respeitável, pela educação e a saúde do nosso povo, que esperamos das brasileiras patriotas, as nossas belas Amazonas…

 

 

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