INVERSÃO

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A ditadura perfeita terá as aparências de uma democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga” (Aldous Huxley)

Como explicar o resultado das eleições sem antes comprovar que o povo brasileiro despertou para a realidade, quarenta anos depois da redemocratização? Rebelou-se contra a politicagem e a corrupção como fez na passeata dos cem mil pedindo as diretas já.

Recordemos que o regime militar instalado com a derrubada do governo de João Goulart, teve altos e baixos, erros e acertos, mas foi intoleravelmente ditatorial. Era um sistema imperfeito, mas durou 21 anos.

Aplaudida pelos amantes da liberdade, a redemocratização veio, porém, incompleta: recuperou velhos políticos e suas ideias ultrapassadas, barrando a evolução para os novos tempos. A redemocratização errou ao promulgar uma Constituição desorientada, leniente e passiva, tanto na visão autoritária como na liberal.

A Carta de 88 permitiu – é difícil registrar quando começou – que se instalasse a inversão de valores morais e éticos. Este conceito de inversão social estabeleceu mais direitos do que deveres, num desequilíbrio que perverteu a Democracia, mantendo a força e a influência das minorias como ocorre nas ditaduras.

A “Constituição Cidadã” esqueceu que no regime democrático quem manda é a maioria, e banalizou a definição de ideologia e de partido, implantando a ideia de que “ideologia” é um princípio escrito e que partido é uma organização burocrática sem a necessidade de adotar uma ideologia de fato.

Nesta inversão de valores tudo que é incorreto, aético, desonesto e imoral é tratado como algo banal, conforme escreveu um observador da cena política no Brasil, de quem, infelizmente, não gravei o nome.

O pior de tudo é que a implantação da democracia capenga vulgarizou o desprezo pela correção, pela ética, pela honestidade e a moral. Mas isto não se deu pela força, através de uma revolução; se achegou sutilmente, sem pressa e sem que ninguém percebesse.

Dessa maneira, já temos uma geração formada pelo mecanismo da inversão de valores. Não é absolutamente por acaso que na administração pública reinam a amoralidade e a corrupção. As universidades e escolas públicas estão sob domínio de uma cultura infame, que investe contra a ordem, o patriotismo, o respeito ao próximo e a solidariedade humana.

As minorias fazem greve parando o sistema de saúde e a escola pública; e o povo, que necessita desses serviços, é o único prejudicado, pois no fim o salário dos grevistas é injustamente pago. A greve de empregado contra patrão é reconhecida historicamente; mas a greve de professores e pessoal da saúde contra o povo, é crime.

Comprovando esses desacertos, concluímos que escapamos do regime militar e caímos na esparrela de uma democracia onde o Estado sustenta com o dinheiro dos tributos associações corporativas, ONGs, partidos, sindicatos, cada qual defendendo interesses pessoais e grupistas. Esse reino da pelegagem minoritária atingiu o ápice durante a Era Lulopetista.

É com muita tristeza que constatamos isto. Ainda mais aflitivo e melancólico é ver que se trata de um projeto político, para a conquista do poder por um partido de formação totalitária.

Durante os mandatos presidenciais lulopetistas atravessamos uma caricata “revolução cultural” com os olhos oblíquos de Mao-Tse Tung na cabeça de Antônio Gramsci. O PT e seus puxadinhos agiram furtivamente em defesa do partido e da manutenção do poder a qualquer custo, sem respeitar a liberdade e a democracia. Por isto, pelo despertar do povo, estão sendo enxotados.

No Rio de Janeiro, o PSOL, frente “coxinha” do PT, convergiu com seus parceiros do PCdoB, desbotando suas bandeiras e escondendo seus símbolos para ludibriar o eleitor. Mas o eleitor não se deixou enganar.

A metamorfose fraudulenta não se expandiu; limitou-se ao discurso deles para eles mesmos, sem participação popular. Ficaram circunscritos aos guetos da Zona Sul. O povo preferiu os não-políticos e o não-voto como manifestação de repúdio à corrupção institucionalizada pelo lulopetismo, e derrotou-o.

 

10 respostas para INVERSÃO

  1. Welton Reis disse:

    Ainda vem que o povo acordou, embora uma grande parcela deu de ombros e não quis decidir. Como democracia estamos evoluindo politicamente e necessitamos de mais democracia econômica. Excelente artigo, parabéns!

  2. Johnny Rock disse:

    Olá! É fato que as esquerdas pré regime militar não desejavam uma democracia plena, estavam embaladas pela onda comunista da revolução cubana de 1959 e idolatram até hoje. assassinos como Fidel Castro e Chê Guevara.
    Não obstante com a abertura política iniciada pelo general João Batista De Oliveira Figueiredo, permitiu-se que pessoas exiladas, ex guerrilheiros e terroristas, enfim todos que representavam esse plano de implantação do comunismo no Brasil volatassem a ativa co.o bem citou o mestre Miranda Sá.
    E acrescento que o voto aos 16 anos é um grande erro, não há como um adolescente ter “malícia” suficiente para enxergar o que está por trás dos discursos bem elaborados de marqueteiros e os sorrisos falsos da maioria dos políticos, aos 16 anos essa juventude lobotomizada pela esquerda é facilmente manipulada.
    Alias “INVERSÃO” de valores estamos vendo nas invasões de escolas Brasil a fora, não se respeita o direito do outro, direito a estudar e direito do contraditório.
    Abraços!

  3. Esqueceram q tá na constituição q a FORÇA EMANA DO POVO.
    E o povo descobriu q pode BANI-LOS, através do voto.
    Vão se ferrar.
    Avisados foram, resta agora dar o cheque mate em 2018.

  4. sylvio lincoln de Almeida Jr. disse:

    É mestre Miranda, o Brasil precisa ter coragem para refletir sobre sua história e, de uma perspectiva crítica, revisitar seu passado.

  5. sylvio lincoln de Almeida Jr. disse:

    É mestre Miranda, o Brasil precisa ter coragem para revisar sua História e, sob perspectiva crítica, revisitar seu passado.

  6. Reginaldo disse:

    Caro Miranda, lamento discordar de você sobre a maravilhosa de achtundachtzig, que não me enganou – assim como o partido dos filisteus com a mão abençoada de FHC. Lá, na maravilhosa, estava previsto tudo que está acontecendo hoje em nosso país. Se compararmos friamente a Carta de 1967 com a de 1988, percebemos que bastaria substituir algumas poucas coisas e estaria melhor que a dona “doida” versada e proseada pela intelectualidade e academia, que tanto defende os pobres ao mesmo tempo que tem a maior ojeriza por “essa gente” – vide a outra “dona doida Chauí”. No mais 100 para você.

  7. Reginaldo disse:

    Na verdade, no Rio, o PSOL, para o bem e para o mal, elegeu o Crivella.

  8. Miranda! O povo brasileiro não pode ser mais enganado e deu um basta nas eleições municipais que se passaram e acredito que estamos quase livre desse mau que durou longos anos, porém é bom lembrar que tudo ainda não acabou 2018, se aproxima e o Partido Político que consegui eleger o seu canidato agora é muito bom ficar esperto pois se não agradar está fora das próximas eleições.
    Quanto a democracia que tanto comentamos e vivenciamos todos são os mesmos corruptos, desonestos e hipócrita de ontem, hoje e sempre.
    Sem generalizar salva – se alguns mais poucos.

  9. tonifigo1945 disse:

    Caro Miranda. Que esses “novos ventos” da eleição de 2016, soprem fortes até 2018 e que na atividade parlamentar surja uma figura marcante, que se revele uma esperança em breve.

  10. vileite disse:

    Tenho pena do Rio de Janeiro!