CULTURA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br

“Algo anda mal na cultura de um país se os seus artistas, em lugar de se proporem mudar o mundo e revolucionar a vida, se empenham em alcançar proteção e subsídios do governo” (Vargas Llosa)

O conceito de cultura é tão abrangente que traz no seu bojo – entre centenas de produções sociais – cantores, compositores e artistas globais… Seria enfadonho listar o grande número de atividades culturais desde o folclore até o acadêmico, passando por artesãos, arquitetos, editores, escritores, escultores, desenhistas, fotógrafos e cinegrafistas, cineastas, lapidadores, matemáticos, músicos, pintores…

A discussão que se faz no Brasil é sobre privilégios. O dito Ministério “da Cultura” não alcança as massas; e a Lei Rounet, que priva o Estado da arrecadação de tributos, principalmente das grandes empresas, inclusive multinacionais, privilegia pessoas que faturam duplamente; embolsam a verba e cobram ingressos para espetáculos.

Que faz o Ministério da Cultura, se estão sucateados ou terceirizados bibliotecas, centros de pesquisa, museus, salas-de-cinema até jardins zoológicos – que oferecem conhecimentos na prática e coletivamente? Os “artistas Rouanet” não leem: A Biblioteca Nacional está em obras há cinco anos, e nunca protestaram.

Gostaria de mostrar cultura aqui neste pobre Brasil no século 16, implantada pelos jesuítas nas Missões do Rio Grande do Sul; infelizmente não completei ainda a pesquisa sobre elas; então, peço licença a H. G. Wells.

Este grande romancista e divulgador da chamada ficção científica – com livros que se popularizaram, como “A Máquina do Tempo”, “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos” e “A Ilha do Dr. Moreau”, escreveu uma notável História Universal –  The outline of History: Being a Plain History of Life and Mankind.

Nela, Wells nos dá um exemplo de arrepiar; o legado de Alexandre – O Grande. O guerreiro macedônio, que reinou 13 anos, tem realizações espantosas. Após a invasão do Egito fundou Alexandria, e lá deixou o general Ptolomeu que com ele foi discípulo de Aristóteles. Ptolomeu assumiu a direção do Egito como o faraó Ptolomeu I.

Para não estendermos muito, aprendemos com Wells que em Alexandria, no século IV AC, foi fundada a primeira universidade do mundo; um colégio que reuniu sábios de vários países, e um Museu ainda invejável. No conjunto arquitetônico nasceu também a célebre Biblioteca que mantinha uma livraria.

Imaginem: Sem papel nem gráficas, os escritos eram copiados à mão em pergaminho, às centenas; adotaram o grego desprezando os hieróglifos. Através dos judeus da diáspora que a transmitiam oralmente, a Bíblia foi escrita e divulgada na Europa.

Acorriam centenas de jovens para aquele centro cultural em busca de conhecimentos, encontrando um lugar, inexistente na época, onde além da ciência e da cultura, encontravam um sistema universitário sem discriminações de qualquer espécie. Ali se misturavam nacionalidades e raças, com liberdade de religião e culto.

Daria para acrescentar outros magníficos exemplos de cultura, mas, mesmo parando por aqui, vemos que em 13 anos Alexandre deixou uma herança cultural respeitável e invejável, o que não se viu nos 14 anos do PT-governo. Os pelegos fascistóides discriminaram e beneficiaram somente uma minoria de apaniguados.

Usufrutuária de verbas públicas, a pelegagem defende ruidosamente os benefícios como grandes agitadores, e, em vez de revolucionar a cultura levando-a as massas, se empenham somente em conquistar subsídios do Estado

Infelizmente influenciaram o novo governo para revogar o fim de um ministério dito “da Cultura” que não existe em nenhum dos países avançados do mundo.

 

12 respostas para CULTURA

  1. Marilene Marques disse:

    Excelente artigo como sempre Caro Miranda. Definitivamente o ’13’ saiu do folclore para a vida real. Alexandre, além de um grande estrategista preservou povos e raças. Não se sabe de nenhum genocídio/infanticídio praticado por ele. E, quão sábio foi nos deixando grandes lições. A cultura à qual é acima referida, esta sim é verdadeira, sábia, culta e poucos andam à sua procura. Ergamos nossos olhos e tragamos para dentro de nós. Só assim, seremos vitoriosos. Parabéns!

  2. Ajuricaba disse:

    A maioria esmagadora dessa corja, é incapaz de interpretar um período que seja de Machado de Assis; tanto que tentaram “popularizá-lo”

  3. Irene Mattos Felix disse:

    Quando ouço falar em Alexandria, minha mente vai logo para a biblioteca destruída Quantos anos de conhecimento perdemos com a sua destruição ? Quantos anos estamos perdendo com essa ideia fixa de que governo deve ajudar os artistas que dão apoio a ele ?Decididamente, um governo corrupto consegue se manter com uma minoria que desconhece o que é decência , honra Viva o fim da lei Rouanet !

  4. Vamos ser bem claros “Cultura” ou conviniência, lucro, proveito, sentimento egoísta ou de cobiça ou até mesmo de um desejo pessoal é como vejo sem essa de “Cultura” vamos acordar.

  5. Rodrigo Cortes disse:

    E irônico pensar em Joseph Goebbels dizendo “Quando ouço a palavra cultura, procuro a minha arma”.
    Embora seja possível falar três anos sobre o totalitarismo e precisar de mais 100, a cultura feita nos 36 anos de existência do PT pela nata anti-estabelechiment ditando regras da engenharia social a reformas ortográficas para atender Antonio Gransci e outros desmiolados muito bem descritos no artigo, me dá uma única vontade: Sacar e sair atirando: Bang! Bang! Bang!

  6. Carlos Estellita Cavalcanti Pessôa disse:

    Irretocável seu artigo.Mas já passa da hora de se fazer uma revisão nessa lei Rouanet, verba à fundo perdido, nem pensar. Para tanto se formaria um fundo permanente com a mesma origem, renúncia fiscal, uma vez viabilizadas as montagens dos espetáculos, os primeiros resultados as vendas dos ingressos, deveriam reembolsar o fundo, estando assim em condições de ser reinvestido em outro projeto! Mais oportunidades para todos com menos renúncia fiscal! Mas nossos “artistas petralhas” não querem riscos, só aceitam dinheiro fácil!

  7. welton reis disse:

    Certa vez um político perguntou a outro que acabara de ser empossado se teria como fazer dinheiro naquele cargo, escutei e fiquei pensando de como eles iriam tirar dinheiro se na repartição não tinha dinheiro em espécie e caberia somente analisar projetos. Encaminhar, melhorar, participar, aprovar e em cada etapa vendiam dificuldades para comprar facilidades em prol da cultura, da educação ou da saúde. Assim nesse mar de lama somente os grandes e poderosos conseguem. E os miltontos vão às ruas protestar para esses “beneficiados” pelo governo do povo. Pobre Brasil, país dos coitadinhos!

  8. elisabeth laval jede disse:

    Parabens Miranda pelo artigo! Alexandre O Grande deixou um legado à humanidade de caráter retidão inteligencia e valor! É muito bom que uma pessoa culta como você o traga em seu artigo para ser lembrado homenageado conhecido pesquisado e seguido de exemplo pelos jovens!Foi um marco inesquecível na história da humanidade! Homem destituído de ambição genial observador dotado de princípios que o eternizaram!Muito bom artigo bom como tudo que você escréve!

  9. vileite disse:

    BOA NOITE ! POR ISSO ELE FOI CONHECIDO POR : ” ALEXANDRE , O GRANDE !”

  10. Mauro Moraes disse:

    Excelente texto! Parabéns!

  11. CICERA TENORIO DE MELO disse:

    UM SER HUMANO SEM CULTURA, É COMO UMA CAIXA VAZIA, OU SEJA SEM CONTEÚDO,

  12. deaC disse:

    Existiram os mecenas desde a Idade Média, ou mesmo antes, que ajudavam os artistas que despontavam, no nosso Brasil existem os artistas-mercenários, que não estão nem um pouco preocupados com a CULTURA e sim com o enriquecimento fácil, mesmo que pra isso precisem vender a alma ao diabo.