Augusto dos Anjos – Soneto

[ 2 ] Comments
Compartilhar

A praça estava cheia. O condenado

Transpunha nobremente o cadafalso,

Puro de crime, isento de pecado,

Vítima augusta de indelével falso.

 

E na atitude do Crucificado,

O olhar azul pregado n’amplidão,

Pude rever naquele desgraçado

O drama lutuoso da Paixão.

 

Quando do algoz cruento o braço alçado

Se dispunha a vibrar sem compaixão

O golpe na cabeça do culpado

 

Ele, o algoz – o criminoso – então,

Caiu na praça como fulminado

A soluçar: perdão, perdão, perdão!

2 respostas para Augusto dos Anjos – Soneto

  1. Marilene Marques disse:

    Reais versos!

  2. “Há casos em que temos de transformar a calúnia e a afronta numa lição para nossa vida.”