MÁSCARAS

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Miranda Sá (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A máscara, metáfora do anonimato, impede o olhar social que reconhece e amarra cada um ao seu próprio lugar, à sua própria identidade e ao que dela se espera”. (Claudia Cruz Lanzarin)

A máscara tem origem antiquíssima. Pode-se dizer, com base científica, que o seu uso nasceu no início do processo civilizatório da humanidade. De madeira, metal ou tecido, representando animais ou seres fantásticos, disfarçaram feiticeiros e xamãs em rituais mágico-religiosos.

Os museus, pelo mundo afora, exibem ornamentos belíssimos dos astecas, da China, do antigo Egito, dos incas e dos maias. Nossos pagés, tupis e tapuias, exibiam maravilhosas plumagens.

Adivinhos charlatães e falsos médiuns até hoje abusam do uso de máscara, cuja palavra vem do latim mascus, “fantasma” e do árabe maskharah, “homem disfarçado”. Além do Teatro, onde o uso é freqüente, encontramos nas festas tradicionais como carnavais e Halloween, as pessoas se mascarando para manter o anonimato.

Freud estudou a representação que os indivíduos criam psiquicamente para si próprios, escondendo o verdadeiro ‘eu’ diante da sociedade; mas nem o pai da psicanálise nem o seu discípulo rebelde Jung – criador do arquétipo “persona” -, explicaram porque esse disfarce pretende, na maioria das vezes, esconder verdades e propósitos escusos.

O discurso político é uma máscara. Desde os primeiros tempos, a eloqüência, muita vez, ocultou intenções e projetos, como a História registra na atuação oratória do grego Demóstenes e dos romanos Catão e Cícero; e, modernamente em plano internacional, tivemos Gandhi, Hitler, Mussolini, Churchill,  e mais recentemente Martim Luther King.

Distinguiram-se no Brasil, o padre Antônio Vieira, Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa, Getúlio Vargas, Carlos Lacerda, Antonio Vieira de Melo e Ulysses Guimarães.

É inesquecível o “Último Discurso” do filme “O Grande Ditador”, com Chaplin fazendo uma sátira em plena tirania nazista, imitando Hitler e ao contrário deste, defendendo os direitos humanos ao realçar: “Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio… negros… brancos…”

A persuasão discursiva real ou demagógica, nesses tempos paupérrimos em oradores, é suplantada pelo disfarce, com lobos vestindo a pele de cordeiro. Quem não se enganou com a fisionomia de Demóstenes Torres, irascível com a corrupção e mergulhado nela?

E agora, com Delcídio Amaral, cuja fisionomia e lhaneza nos enganaram por tanto tempo? A revelação do gangsterismo dele gravadas pelo ator Bernardo Cerveró é chocante. Nas suas intervenções malignas só faltou sugerir o assassinato do juiz Moro, como projetou o articulista Vinicius Torres Freire.

Para os lulo-petistas, que cultuam os criminosos do partido presos por assaltos ao patrimônio público, esse comportamento deve ser um arrebatamento de heroísmo. É o que se deduz na exaltação de bandidos pela juventude petista, um dos focos metastáticos do câncer da corrupção que corrói o organismo nacional.

Na análise das máscaras que impedem o olhar social como metáfora, como estudou nossa epigrafada, professora Claudia Cruz Lanzarin, cabe uma pergunta: Os petistas honestos (ainda os deve haver) reconhecem que foram enganados por João Paulo Cunha, Delúbio, Dirceu, Genuíno e Vaccari?

Será que há alguém neste País que honestamente acredita que os hierarcas do PT roubaram dinheiro público em nome de um ideal? Será que a subtração de valores nas verbas ministeriais e o recebimento de propinas foram feitos pelo bem do Brasil?

O certo é que se popularizou no País a sentença reconhecendo que quem apóia um bandido, não o faz ideologicamente, mas se acumplicia com ele.

 

13 respostas para MÁSCARAS

  1. Miranda,
    Embora Rubens Falcão tenha uma aparência honesta, assim como Fontana, Suplicy, etc, eu acredito que eles sabem e recebem algo Veja bem, estão sempre falando que tudo que recebem é legal Não vejo inocentes, infelizmente

  2. CRISTINA MATOS (@Pracristmatos) disse:

    Miranda, perfeito este texto, desta maneira que nós, os brasileiros nos sentimos nos últimos tempos: Enganados. Ainda bem que não entregamos os pontos e lutamos bravamente pra ver essas máscaras caírem, ainda que um ou outro nos surpreendam, o que nó queremos é o nosso Brasil de volta!Vamos ver até a última máscara cair! A propósito, uma das coisas que mais me chocaram nesses últimos tempos foi a exaltação de criminosos feita pela juventude PT, o que demonstra o tamanho do estrago que tem sofrido esta Nação.Parabéns mais uma vez pelo texto! Pra Cristmatos

  3. Para mim ñ existe diferença de quem rouba um lápis para escrever e o Estado por qualquer motivo. Já está no sangue a porcaria que a pessoa é. Infelizmente ainda se acredita em bandidos.

  4. Leo Santos disse:

    Só os cúmplices para dizerem acreditar que roubaram dinheiro público em nome de um “ideal” , utilizando-se do termo usando máscara sem revelarem que o “ideal”, era mesmo a dilapidação , o enriquecimento ilícito. Tanto é que, sempre dizem que não foram os precursores. Bandidos em ação, em tempos paupérrimos em oradores, suplantado pelo disfarce, pela institucionalização da cleptocracia que já não cabe qualquer máscara. Ninguém mais, a não ser os sócios ou advogados que esperam lucrar, dizem acreditar em “ideais”. Ladrão é ladrão e só resta cortar-lhes a cada um a mão para mendigarem e arrancar-lhes os olhos para jamais voltarem a cobiçar.

  5. S. Lincoln disse:

    A máscara teria sido concebida para imitar as falsas expressões dos mentirosos, ardilosos e vis??

  6. Ferdinando Perrella disse:

    Oportuno seu comentário, me leva ao ABC onde nasci, me lembra o Celso Daniel Petista fundador, que concordava com a corrupção para crescimento do partido, Quando descobriu que o dinheiro ia para beneficio da companheirada se rebelou e acabou assassinado. Já estou aguardando a próxima cronica.
    Obrigado bom fim de Semana.

  7. welton reis disse:

    Parodiando, uma notícia é noticia quando não se conhece a matéria. Quando não se conhece um personagem imaginamos o seu propósito. Na política brasileira desde sempre desconfiamos do carater do político independentente da ideologia ou partido. Quando não se tem lideranças passamos a acreditar no que está disposto por ora. No caso do PT houvesse uma uma juventude que apostou e perdeu, assim que recebema notícia de que a queda da máscara revelou a verdade. Miranda, parabéns por mais uma um belo texto!

  8. vileite disse:

    Texto perfeito e verdadeiro sobre “máscaras “.Ressalto que PT e Lula nunca me engaram , pois não os suporto desde a sua criação e lamento que ainda haja , apesar de toda corrupção e escândalos , haja gente que se tornou cúmplice por acreditar neles .

  9. Em resumo podemos afirmar que a ” Justiça é Realmente Cega” não podemos esquecer disso. Acredito sim que não é fácil ser honesto para quaisquer homens de negócios que facilmente pode começar a adotar práticaas desonestas, talvez por causa da pressão para atingir as metas da empresa ou para sobreviver num mundo competitivo o significa que somos meros fantoches nas mãos de outros. O mundo está cheio de gânancia e egoísmo e aqueles que querem ficar ricos caem em tentação e na cilada de desejos tolos e prejudiciais que os arrastam para para a ruína e destruição.
    Vamos ser bem claro oamor ao dinheiro talvez seja a causa de todo tipo de mal que existe no nosso Mundo.

  10. Régis disse:

    Do texto não posso nem mesmo elogiar, seria cair na mesmice, de tão maravilhoso que é. Das contribuições dos internautas sim, lúcidas, pertinentes e…Vou abrir uma pasta do Miranda – leitores – como fonte de consulta em meus próximos escritos.

  11. Miranda, seus artigos são de uma sobriedade maravilhosa.

  12. Alvesalces disse:

    Freud estudou a representação que os indivíduos criam psiquicamente para si próprios, escondendo o verdadeiro ‘eu’ diante da sociedade; mas nem o pai da psicanálise nem o seu discípulo rebelde Jung – criador do arquétipo “persona” -, explicaram porque esse disfarce pretende, na maioria das vezes, esconder verdades e propósitos escusos.

  13. deaC disse:

    Algumas pessoas o tempo não muda, desmascara. Caro Miranda, não existe petista honestos, ponto, são comparsas de um crime de lesa pátria. Todos.