GOLPES

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O mal que os homens fazem sobrevive depois deles,
o bem é quase sempre enterrado com seus ossos.(Marco Antonio, no funeral de César)

A memória gravou que houve um golpe quando Brutus e alguns conspiradores da nobreza romana apunhalaram César; e, como descreveu o grande Shakespeare, o contragolpe veio a seguir no célebre discurso proferido por Marco Antonio.

Modernamente, quando se fala em golpe, a História nos leva à marcha dos camisas negras sobre Roma, liderados por Benito Mussolini, e ao chamado “Putsch da Cervejaria” ou “Putsch de Munique”, a tentativa de Adolf Hitler e do Partido Nazista para tomar o governo na Baviera. As autoridades bávaras reagiram metralhando os nazistas e levando Hitler à prisão.

No Brasil, tivemos a cavalgada da República, o levante comunista de 1935 e a revolta armada dos integralistas contra o governo Vargas em 11 de maio de 1938, uma frustrada invasão ao Palácio Guanabara então residência oficial do presidente da República.

Os integralistas alegaram que realizavam um contragolpe, já que Getúlio Vargas atentou contra a Constituição de 1934 que ele inspirou e promulgou, impondo uma carta fascista que criou o Estado Novo.

Para um historiador não será muito difícil enquadrar a concepção de golpe de estado ao suicídio de Vargas a 24 de agosto de 1954; e capitular o impedimento da posse de Juscelino Kubitscheck por um grupo de militares.

O contragolpe que garantiu a assunção de Kubitscheck também saiu da caserna, o movimento “Retorno aos Quadros Constitucionais Vigentes”, comandado pelo general Henrique Lott.

Após o cumprimento do mandato de JK, tivemos a renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961; deveria assumir o vice-presidente, João Goulart, que foi impedido por uma junta militar. A reação foi do inconformado governador Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul.

Jango tomou posse e posteriormente foi destituído da presidência da República em abril de 1964 por um golpe militar liderado pelo general Mourão Filho. A pretendida instalação de um regime militar democrático também sofreu um golpe interno, que instalou uma ditadura.

Assim, a história de golpes e contragolpes não é estranha no mundo e no Brasil, onde atualmente as palavras “golpe” e “golpismo” fazem parte da agenda do PT-governo, que denuncia as oposições, enquanto conspira para manter no poder uma Presidente que se elegeu suspeitosamente e sob suspeita governa.

Dilma Rousseff está desacreditada pela incompetência, leniência com a corrupção, e por ser uma mentirosa compulsiva. É denunciada como usufrutuária na sua campanha à reeleição pelas propinas do assalto à Petrobras.

Além disto, Dilma arremeteu contra a Lei de Responsabilidade Fiscal para maquiar as contas da sua administração, cometendo um crime previsto na Constituição. Em sua defesa, seu círculo íntimo no PT-governo e o PT-partido com seus tentáculos, tentaram dar um golpe.

Este plano insensato perpetrou-se numa tarde de domingo. Três ministros deram uma entrevista coletiva acusando de parcialidade o relator Augusto Nardes, do TCU, que apreciaria as pedaladas, pedindo o seu afastamento.

Foram rechaçados pela opinião pública e pela Justiça; e o contragolpe veio do STF com o ministro Fux condenando os intentos criminosos contra a legalidade constitucional.

Comprovando a intenção criminosa para evitar o julgamento das pedaladas, o TCU reprovou as contas de 2014 de Dilma recomendando a decisão ao Congresso.

Pede-se, então, o impeachment da Presidente para punir o crime cometido contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Então assistimos um novo golpe: O ministro Zavascki concedeu liminar que suspende o rito adotado por Eduardo Cunha.

O contragolpe é de Cunha, que assegura garantir o exercício do seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados.

Nova decisão do STF concedeu uma 3ª liminar que impede a oposição de levar o impeachment ao plenário da Câmara, mas não tem base constitucional e não interrompe o processo sobre os pedidos de afastamento de Dilma.

Vê-se, que apesar de desacreditado pela corrupção e sem autoridade com menos de dois dígitos de aprovação pública, o (des) governo lulo-petista tentará outras vezes manter através de golpes o esquema caótico de poder; mas o contragolpe será do povo brasileiro, cujo apoio alicerça a exigência do impeachment.

13 respostas para GOLPES

  1. André disse:

    Excelente texto que expõe de forma clara e sucinta os fatos que antecedem a decisão de Eduardo Cunha de acatar ou não a abertura do processo de impeachment.

  2. gushenau disse:

    Caro Miranda
    O comunismo já está correndo no sangue desta nação.
    ANOS de trevas qualquer que seja o resultado em Brasilia se aproximam ou já estão sobre nós.
    Abraços

  3. Marcos disse:

    Nesse episódio de queda-de-braço entre GF/PT/Dilma X Cunha, me impressiona também a seletividade do público quando resolve adotar seus bandidos de estimação. Apoiar Cunha, a despeito das denúncias duríssimas de corrupção, pelo fato de ele ser o presidente de uma Câmara suspeita e o primeiro degrau para o processo de impeachment, é vergonhoso para mim. Se a turma do PT, acatando a palavra de ordem de Lula, repete que “ela” pode dar pedaladas para pagar Bolsa Família é uma apologia ao crime de responsabilidade, fechar os olhos para as falcatruas de Cunha porque ele é o laço da forca de Dilma também o é. Os golpeados nessa sucessão de episódios asquerosos é o cidadão.

  4. tonifigo1945 disse:

    Miranda, espero estar assistindo o último da “série histórica”. Se não for assim, o que será? Nem quero pensar …

  5. Pronto! Assinado e proferido aqui o Libelum Acusatório de Dilma, e o funeral do PT&Cia.

  6. Estou rindo! Prof.Miranda contou a história de réquiem de mais uma era.

  7. vileite disse:

    Gostei de você ter ido buscar lá nos “alfarrábios ” do Grande Império Romano a origem dos golpes e contragolpes
    Pelo andar da nossa carruagem , esse “pega pra capar ” de golpes e contragolpes do desgoverno corrupto e a “oposição”, caso não haja uma eficaz reação da voz do povo , será ” ad aeternum “.

  8. elisabeth laval jede disse:

    Muito bom seu artigo !Recordando a historia antiga e contemporânea que estudamos e presenciamos podemos fazer comparações e dizer”
    Nunca na historia da humanidade e tambem na historia do Brasil se viu tanta falta de caráter e de vergonha em pessoas que ousam querer nos representar! Parabens Miranda por mais este excelente presente!!!

  9. Chico Dias disse:

    Excelente artigo. Revendo a historia será que não há registro de golpes ou contragolpes envolvendo analfabetos funcionais no poder? Ou isso só acontece na terra dos tupiniquins?

  10. A gerente mentirosa afiança que tem 5 ministros que lhe são fiéis no STF. Zavaski e Carnen dão liminares sem ao menos citar artigos da Constituição para brecar o impeachment. Porta voz de Dilma é o sujeito dos dólares na cueca. Renan está esquecido por Janot. Cunha estaria recebendo promessa de absolvição no STF caso impeachment não ande. Cardozo cria caso com MPFederal e se nega a fornecer ao parquet dados da Suica, sob a escandalosa justificativa de o processo estar correndo sob segredo de justiça. Moro está quieto e Lula arrota honestidade e ameaças mesmo estando ele é filhos sob investigação. Levy agora revela que governo e ele estavam mentindo, porque ao contrário do que pregavam anteriormente, a CPMF não vai porra nenhuma pra saúde. Se passar – e não passa nenfu, vai cobrir buraco de auxílio desemprego, de bolsa família, a nova chantagem com que ele quer nos convencer a aceitar esse estupido imposto. Três liminares e a arrogância de Dilma ressurge para vomitar ofensas ao povo e colocar-nos abaixo do esgoto ao dizer que a moral dela é superior à daqueles que o partido dela toubou. Golpe. Golpe sim, nessa inversão de papéis, onde bandidos apontam-nós o dedo para chamarem-nos de golpistas

  11. Marcos Gomes disse:

    A corda que enforca o réu, também apeia o cavalo, pois o nó é mera circunstância. Não se pode deixar de fazer justiça, cumprir a lei baseando-se na premissa de que quem a está executando, operando, também cometeu ilegalidades! A ordem legal não pertence a esses meros atores políticos. Não são eles a personificação da justiça, que é e deve ser mantida além do indivíduo, do idiossincrático, uma vez que se trata da expressão, da construção do coletivo.

  12. Rui Paranhos disse:

    Aprendi muito, e minha reflexão é como poderemos(povo) dar o contra golpe quando nos subtrairam a alegria de ser brasileiro, furtaram a esperança do coração do mundo e da pátria do Evangelho.

  13. dea disse:

    Se está havendo golpe ou golpismo é por parte do governo, que mentiu na maior cara dura pra se reeleger, quebrando o País, nos envergonhando diante do mundo, sem que haja esforço pra recuperar a credibilidade.
    Sem contar o número de desempregados que grassa a cada dia, e não duvido nada que logo estejamos enfrentando o lumpesinato invadindo supermercados, havendo quebra-quebra devido à revolta e desespero. Senta e espera.