Vladimir Maiakóvski

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A FLAUTA VÉRTEBRA

 

A todos vocês,

que eu amei e que eu amo,

ícones guardados num coração-caverna,

como quem num banquete ergue a taça e celebra,

repleto de versos levanto meu crânio.

 

Penso, mais de uma vez:

seria melhor talvez

pôr-me o ponto final de um balaço.

Em todo caso

eu

hoje vou dar meu concerto de adeus.

 

Memória!

Convoca aos salões do cérebro

um renque inumerável de amadas.

Verte o riso de pupila em pupila,

veste a noite de núpcias passadas.

De corpo a corpo verta a alegria.

esta noite ficará na História.

Hoje executarei meus versos

na flauta de minhas próprias vértebras.

 

(tradução:  Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

 

Biografia de Maiakóvski aqui

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