Poesia

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A Angústia


 

 

Nada em ti me comove, Natureza, nem

Faustos das madrugadas, nem campos fecundos,

Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro,

A solene dolência dos poentes, além.

 

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções,

Da poesia, dos templos e das espirais

Lançadas para o céu vazio plas catedrais.

Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons.

 

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer

Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar

Dessa velha ironia a que chamam Amor.

 

Já farta de existir, com medo de morrer,

Como um brigue perdido entre as ondas do mar,

A minha alma persegue um naufrágio maior.

 

Paul Verlaine

 

(Tradução de Fernando Pinto do Amaral)


 

O Poeta


 

 

Poeta francês (30/3/1844-8/1/1896). Representante do parnasianismo, é também um dos líderes do movimento simbolista na França. Paul-Marie Verlaine nasce em Metz e estuda no Liceu Bonaparte, em Paris. Seus primeiros trabalhos, incluindo Poèmes Saturniens (Poemas Saturninos, 1866), são caracterizados pelo anti-romantismo parnasiano.

 

Casa-se em 1870, mas deixa a esposa e o filho para viver com o também poeta Arthur Rimbaud. Em 1873 atira no companheiro após uma briga e é condenado a dois anos de prisão. A coletânea Romances sans Paroles (Romances sem Palavras, 1874) é escrita na cadeia.

 

Entre 1875 e 1877 ensina francês na Inglaterra. Em 1883, já de volta à França, alterna períodos de bebedeira com momentos de lucidez produtiva. Com a publicação de Les Poètes Maudites (Os Poetas Malditos, 1884) e Jadis et Naguère (1884), reaparece no cenário literário francês como poeta simbolista de grande influência.

 

Para ele o som da poesia é mais importante do que seu significado. Também escreve prosas autobiográficas, como Mes Hôpitaux (Meus Hospitais, 1892), Mes Prisons (Minhas Prisões, 1893) e Confessions (Confissões, 1895). Morre em Paris.


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