Arruda diz ter recebido dinheiro só uma vez

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O governador de Brasília, José Roberto Arruda (DEM), deu uma entrevista ontem (1.dez.2009) à noite para a Folha. Basicamente, repetiu todos os seus argumentos já conhecidos. Insistiu muito com a versão de que tudo foi uma trama “engendrada pelo Roriz”. E que o vídeo no qual aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa foi um episódio único. Abaixo, a entrevista.

FERNANDO RODRIGUES

da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), disse ontem que só recebeu dinheiro uma vez diretamente de Durval Barbosa, seu ex-secretário de Relações Institucionais –no vídeo já mostrado amplamente na mídia.

Recebeu outras contribuições de Durval, mas por meio de “outras pessoas”. Arruda faz sempre questão de mencionar que os vídeos agora divulgados foram gravados quando ele ainda não era governador de Brasília. Ele considera tudo uma trama engendrada por seu adversário político local, Joaquim Roriz (PSC).

No último dia 21 de outubro, quando recebeu Durval portando uma mala com R$ 400 mil, disse não ter visto o dinheiro. Recusa-se a explicar o conteúdo do diálogo, gravado em áudio monitorada pela Polícia Federal.

FOLHA – Por que o sr. manteve Durval Barbosa em seu governo?

JOSÉ ROBERTO ARRUDA Esse cidadão durante oito anos foi presidente da Codeplan, a empresa de informática do governo Roriz. Os gastos ali eram da ordem de R$ 500 milhões por ano. Ele, como outras pessoas do governo Roriz, vieram me ajudar na campanha. Quando terminou a eleição ele desejava continuar na mesma posição. Na transição, já avisado que tinha problemas nessa área, mas, por outro lado, muito grato à ajuda que ele tinha me dado na campanha –ajuda política, inclusive, trouxe apoio partidários, de deputados, evangélicos, o diabo a quatro. Eu então…

FOLHA – Ele deu ajuda tanto política quanto financeira para sua campanha?

ARRUDA – Eu diria que mais política que financeira. Porque a financeira, ao que eu saiba, ele pode ter intermediado apoios empresariais. Mas não dele diretamente. Eu não controlava. Para mim, pessoalmente, ele deu o que aparece naquele vídeo que apareceu, que deve ser de dezembro de 2004 ou dezembro de 2005. Foi para as minhas campanhas sociais de final de ano que eu faço há dez anos. Virou piada, porque é panetone, mas no fundo é verdade mesmo. Eu entrego panetone nas creches, nos asilos, tudo isso. Essa [doação em dinheiro de Durval] foi a única que eu recebi pessoalmente. Mas na campanha ele foi para o comitê. Ajudou muito.

FOLHA – Sim, mas aí o sr. o recolocou em seu governo?

ARRUDA – Terminada a eleição, e [ele] querendo ir para esse posto [Codeplan], eu achei que não deveria. Fui avisado inclusive pelo Ministério Público que ele não deveria ir, porque iria me dar problema. Não deixei ir para o mesmo cargo, mas coloquei-o num outro, mais burocrático, sem orçamento. E reduzi de R$ 500 milhões para R$ 130 milhões os gastos anuais com informática. Neste ano, vai chegar a R$ 209 milhões, mas ainda menos da metade do que no governo Roriz.

FOLHA – Sim, mas isso não resolveu o fato de Durval ter permanecido no seu governo…

ARRUDA – Mas isso foi gerando nele e nos grupos empresariais que foram prejudicados muita raiva. Mais tarde, uma aliança natural entre ele e o Roriz. Tanto que o porta-voz dele, hoje, são as pessoas do comitê do Roriz, [o deputado federal] Laerte Bessa [PSC-DF] e companhia. O Roriz dias antes dessa operação já a anunciava. Deu entrevistas. Na véspera, jantou com alguns jornalistas e disse que iria balançar Brasília. Na verdade, o Roriz acho que não ganharia mais de mim nas urnas e tentou fazer um grande escândalo.

 Leia a íntegra da entrevista aqui

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