Poesia

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E A MORTE PERDERÁ O SEU DOMÍNIO

 

E a morte perderá o seu domínio.

Nus, os homens mortos irão confundir-se

com o homem no vento e na lua do poente;

quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos

hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.

Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;

mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;

mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;

e a morte perderá o seu domínio.

 

E a morte perderá o seu domínio.

Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar

não morrerão com a chegada do vento;

ainda que, na roda da tortura, comecem

os tendões a ceder, jamais se partirão;

entre as suas mãos será destruída a fé

e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;

embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;

e a morte perderá o seu domínio.

 

E a morte perderá o seu domínio.

Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos

nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;

onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor

erguer a sua corola em direcção à força das chuvas;

ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer

como pregos as suas cabeças pelas margaridas;

é no sol que irrompem até que o sol se extinga,

e a morte perderá o seu domínio.

 

Dylan Thomas

( tradução: Fernando Guimarães)

 

O Poeta

Dylan Marlais Thomas  nasceu em Swansea, no País de Gales, a 27 de outubro de 1914. Considerado um dos maiores poetas do século XX em língua inglesa, juntamente com W.Carlos Williams, Wallace Stevens, T.S. Eliot e W.B. Yeats.

Dylan Thomas teve uma vida muito curta, devido a exagerada boemia que o levou ao fim de seus dias aos 39 anos, mas, ainda teve tempo de nos deixar um legado poético que o tornou um dos maiores influenciadores de toda uma geração de escritores.”

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