Arquivo do mês: janeiro 2018

O medo como ameaça Uma velha tática para assustar a pequena burguesia que os nazistas usaram com as “tropas de choque” e pela Ku-Klus-Kan com as máscaras medievais e a queima da cruz Elio Gaspari: “Desde que entrou na política, Lula mostrou-se ...

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          1) CABRAL E SUA PARCERIA COM LULA          Apontado como chefe de organização criminosa, Sérgio Cabral apoiado por Lula e pelo PT duas vezes para governador do Rio de Janeiro,  foi  denunciado pela 21ª ...

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ESTÁTUA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Reagindo ao escultor o bloco de pedra pensa: ‘batem em mim, estragam-me, insultam-me, quebram-me, estou perdido…’ (Jean Cocteau)

Nas antologias do mundo inteiro, encontramos uma frase de Bertolt Brecht que é motivo de reflexão para quem tem cabeça para pensar: “Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis…”

A origem desta sentença, na verdade, vem de personagens da peça “Galileu Galilei” do próprio Brecht, em que um aprendiz do laboratório do sábio italiano exclama: “Pobre da nação que não tem heróis! ”; ao que Galileu replica com rispidez: “Não, pobre da nação que precisa de heróis”.

No meu tempo de menino visitava nos domingos, pelas mãos dos meus pais, várias praças do Rio de Janeiro, e daquele tempo guardo de cabeça algumas estátuas que se afixaram na lembrança, como a de Pedro II na quinta da Boa Vista e o Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados na Praia Vermelha.

Passo atualmente por muitas estátuas que visitei quando criança, a de Tiradentes, na praça do mesmo nome, a do General Osório, na Praça XV, a do positivista admirado pelo meu pai, Benjamim Constant, no Campo de Santana e a de Cabral, na Glória.

Recordo até dos jacarés de Mestre Valentin no Passeio Público e do tigre da Praça Paris e das ninfas em mármore que ficavam no Jardim da Glória e hoje decoram a entrada do Túnel Novo (como se chamava no meu tempo, atualmente não sei como).

Das novas homenagens em mármore bronze, pouco conheço; mas uma, em especial, chama atenção por estar constantemente na página policial dos jornais, a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, instalada no calçadão de Copacabana à altura do Posto 6.

Ele é frequentemente alvo da ação de criminosos. Se não me engano, desde o seu erguimento, a 15 anos, Drummond teve, pela 11ª vez, seus óculos, incluindo o aro e parte das hastes do acessório, furtados.

Os vândalos cariocas são isentos de respeito pelas tradições, além da revoltante violência contra a propriedade alheia; colaborando com a falta de respeito aos protagonistas da nossa cultura, estão abandonadas pela administração municipal as estátuas de dom João VI, na Praça Quinze, do grande Noel Rosa, na Vila Isabel, do professor Malba Tahan, na Cidade Nova.

Enquanto isto, na doentia imaginação dos fanáticos lulopetistas, ergue-se a estátua do pelego, arquicorrupto Lula da Silva. Para não ficar atrás da horda acumpliciada com a corrupção, os vereadores de São Paulo, que não são muito cristãos, homenagearam a mulher dele, a falecida Marisa Letícia, pelo mérito de não fazer nada.

A estátua do Pelegão, é ele mesmo que vem esculpindo a anos. No monumento, ainda inacabado, vê-se as marcas das contradições, das mentiras, dos roubos e dos anacronismos. Falta-lhe acrescentar a ingratidão para ilustrar as alegorias.

Para a auto escultura do pelego narcopopulista, talha-se no pedestal a distribuição do dinheiro do BNDES para as ditaduras que defende, e o presente de uma refinaria da Petrobras ao cocalero Evo Morales, da Bolívia.

Nessa atmosfera de fuga da realidade, a dança frenética dos oligofrênicos Gleise e Lindemberg em torno do ídolo, restando para a posteridade a escultura da fraude, da impostura e da mentira. Um monumento ao cadáver de uma ideologia distorcida e superada.

 

 

PALAVRAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Há três coisas que não voltam atrás; a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida” (Provérbio chinês)

Tenho definido muitas palavras que intitulam meus artigos, mas nunca dicionarizei, nem estabeleci a etimologia do verbete “Palavra”… Emprego-a agora inspirado numa antiga locução que anda sem uso nos dias de hoje: “Dou a minha palavra”.

Em português, “Palavra” deriva do latim parábola, que por sua vez deriva do grego parabolé. É um substantivo feminino, uma unidade da língua escrita com o significado de nota ou comentário que foi registrado, anotado; anotação, apontamento, registro.

Aldous Huxley escreveu que “apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. ” Por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana.

Assim vou abranger a sinonímia de palavra no sentido de acordo, ajuste, combinação, compromisso, pacto e promessa; enfim, vê-la como obrigação. Preocupa-me a falta de palavra nos poderes da República: falta-lhes respeitar os juramentos e voltar atrás do que estabelecem.

Entristece-me em ver que após a legislação que deu fim à famigerada contribuição sindical, o governo Temer insista em doar às centrais sindicais dominadas por pelegos, R$ 500 milhões do dinheiro público.

Aflige-me ver a bandalheira reinante no Congresso Nacional, com os parlamentares tratando apenas de interesses próprios e partidários e não dos anseios nacionais.

Indignava-me – o verbo agora vai no passado –   como vinha sendo feita a Justiça em nosso País, principalmente nos tribunais superiores, com julgamentos seletivos e privilégios a personalidades condenadas.

Minha indignação morreu nas prainhas do Rio Guaíba com o forte eco da sentença proferida pelos três desembargadores do TRF.4, confirmando à unanimidade a condenação de Lula da Silva pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A sessão jurídica calou o grito rouco do lulopetismo pedindo provas. O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo, foi de uma transparência cristalina: Há provas, sim, “testemunhais e documentais” de que o ex-presidente é dono do imóvel, e que a OAS é apenas “laranja” dele.

Os votos dos desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus que se sucederam ao Relator, destacaram também a culpabilidade de Lula como agravante para o aumento da pena, pelos crimes terem sido praticados por um ex-presidente da República.

É por isso, que lembro o grito do libertário Bertold Brecht realçando o esquete de François-Guillaume “O Moleiro de Sans-Souci”: “AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM! ”. Substituo-o por “AINDA HÁ JUÍZES NO BRASIL!”.

As palavras gravadas em ferro e fogo nos votos dos desembargadores, sustentando a decisão do juiz Sérgio Moro no processo movido pelo MPF, lembram a história de Frederico II, rei da Prússia, visitando a construção do seu palácio, quando não gostou de um casebre na paisagem e mandou que pagassem ao dono para demoli-lo.

O proprietário, um moleiro, não aceitou a proposta e desafiou o rei a expulsá-lo, com as palavras: “Há Juízes em Berlim”, indo ao encontro da lição de Rui Barbosa “A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade”.

Dessa maneira, já não me angustia esta primeira etapa do processo. O Brasil não acabou e fica esclarecido que o lulopetismo perdeu a força; manifestações convocadas fracassaram e a antiga militância perdeu a fé…

Para Lula e aos que ainda o acompanham com o espernear de uma defesa fraudulenta, repito com Mark Twain: “Nestas circunstâncias, um palavrão provoca um alívio inatingível até pela oração”…

 

JULGAMENTO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ídolo” (Rui Barbosa)

Quando se fala em julgar, penso que o melhor é a equidistância entre Pôncio Pilatos e Nietzsche. O gestor romano da Palestina avaliou o que é a verdade, e o filósofo alemão vacilou, perguntando-se o que é a mentira…

O escritor italiano Pitigrilli – muito lido na minha mocidade – publicou uma anedota sobre “julgamento” contando que o imperador Teodorico ouviu numa audiência pública a queixa de uma viúva sobre um processo que se arrastava a três anos e estava engavetada. Do alto do seu poder, o Imperador ordenou aos juízes que dessem uma solução dentro de 24 horas, sob pena de serem punidos.

No dia seguinte a sentença foi pronunciada e a queixosa foi agradecê-lo; na presença da mulher, Teodorico convocou de novo os magistrados e perguntou-lhes: – “Porque levaram três anos num processo, resolvido tão prontamente? ” Sem aguardar a resposta, mandou que fossem executados…

Exemplo de Justiça? Também dos tempos antigos a gente tem a máxima de Platão que precisa ser lembrada sempre: “O juiz não é nomeado para fazer favores com a Justiça, mas para julgar segundo as leis”.

Teremos no Brasil um bombástico julgamento. A apelação de Lula, condenado a nove anos está na 2ª Instância do TRF 4, em Porto Alegre. Lá, não há “juízes nomeados”. A Justiça Federal não tem dessas coisas que o STF, STJ e TJ estaduais têm garantidos pela imprudente Constituição de 88.

Dessa maneira, aguardamos que se faça justiça boa e perfeita. O Tribunal vai apreciar a sentença do Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância em Curitiba, em que Lula da Silva foi considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro atribuídos a ele pelo MPF.

Trata-se do caso do tríplex no Guarujá, reservado e reformado como propina para Lula pela empreiteira OAS ao custo de 2,4 milhões de reais. Convém lembrar que além de ter pegado nove anos e seis meses de prisão, o chefe do PT é réu em outras quatro ações penais e alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal ainda não analisada pela Justiça.

Julgar é um verbo transitivo direto e intransitivo, indicando a decisão de um juiz ou árbitro sobre uma ação judicial. É dicionarizado como sentenciar; proferir uma sentença, condenando ou absolvendo.

O julgamento precisa de provas cabíveis tanto da parte acusadora como da defensora a fim de apresentar seus argumentos. Não se julga sem provas. Na disputa judicial que aguardamos as provas superabundam…

Não esquecer que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot denunciou Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff, e outros seis membros do PT por suspeita de organização criminosa. A denúncia foi apresentada no inquérito que investiga outros petistas e tramita no STF.

Além disso, Lula tem de nove denúncias de autoria do MPF e tornou-se réu em cinco ações penais, englobando corrupção ativa e passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. Esta situação pode pasmar um leigo, analfabeto ou mal-intencionado.

Se a sentença for confirmada em Porto Alegre, o Pelegão ficará impedido de concorrer pelas regras vigentes da Lei da Ficha Limpa. Quanto aos desembargadores, é bom lembrar-se que o antônimo de julgar, é conviver indulgentemente com a impunidade.

LOUCURA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A ira começa com a loucura e acaba com arrependimento” (Textos Judaicos)

Tive a honra de conviver com um dos maiores jornalistas da minha época, o paraibano José Leal, ganhador do Prêmio Esso com a reportagem “180 dias na fronteira da loucura” saída nos tempos áureos d” O Cruzeiro”.

Na redação em que trabalhamos juntos, José Leal era mais velho do que nós e muito contribuiu para a formação dos mais moços do que eu e a maioria da redação. Ele sabia de tudo e tinha fontes que pareciam inesgotáveis. Para sacanear o pessoal, chamava-nos de “ratatúia”…

O apodo era uma referência a uma mistureba francesa – ratatouille – muito conhecida nos círculos gastronômicos. Diz-se tratar-se de uma receita provençal rústica, do século 18, uma mescla de legumes e ervas aromáticas, fácil de fazer, um quebra-galho para uma refeição feita em minutos.

Um filme norte-americano de animação intitulado “Ratatouille” popularizou a iguaria, e teve em Portugal o nome de Ratatui. Acho que ratatúia – como divulgamos entre os amigos agradou mais, e o Zeca Pagodinho saiu com a batucada Ratatúia…

Trago esta alegoria, como de costume, para homenagear um grande profissional de imprensa e expressar-me no contexto da excelente reportagem premiada “180 dias na fronteira da loucura”.

A loucura, como enfermidade, sofre divergências entre clínicos e psiquiatras, mas há uma convergência quanto aos diagnósticos descritivos que a Psiquiatria adota.

Os dicionários tratam o verbete loucura, substantivo feminino, como a alteração mental de um indivíduo caracterizada pela fuga do controle da razão; um distúrbio do comportamento e a maneira habitual de pensar.

Que é uma doença, é, e me parece endêmica (e epidêmica) entre os fanáticos do lulopetismo. Não há exemplos maiores do que a expressão de hierarcas do PT, em particular, da senadora Gleise Hoffman, sobre o julgamento do arqui-corrupto Lula da Silva.

A senadora paranaense disse publicamente que — “Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar”. Tal declaração sofreria uma condenação num País sério, tratando-se de uma afronta à Justiça e ao Estado de Direito.

Infelizmente os nossos poderes republicanos não passam de uma ratatúia…  Senão tomariam as devidas providências para impedir um incitamento da subversão da ordem democrática contra a sentença de um crime sobejamente provado pelo Ministério Público e condenado pelo juizado de 1ª Instância.

Os salpicos da manifestação da parlamentar incitadora recaem sobre a manada de búfalos cegos que fazem o culto da personalidade do Pelegão, criminoso que usou a administração pública com conveniência e abusiva prática corrupta.

Nas redes sociais os descerebrados, movidos por uma ideologia distorcida, postam mensagens violentas contra magistrados e defensores da legalidade jurídica, com ameaças de agressão, sabotagem e até de assassinato.

Como se trata de uma minoria ruidosa, tomada de histeria coletiva próxima da loucura, não assusta a imensa maioria dos brasileiros que lutam contra a corrupção e a impunidade dos corruptos e corruptores.

Machado de Assis ensinou que “a loucura é uma ilha perdida no oceano da razão” e nos dá medo é que como doença, contagie grupos políticos desesperados com a situação reinante, buscando soluções heterodoxas para o futuro do Brasil.

Samuel Taylor Coleridge

Kubla Khan

Em Xanadu, fez Kubla Khan
Construir um domo de prazer:
Onde Alph, rio sacro, em seu afã,
Por grutas amplas e anciãs,
         Ia a um mar sem sol correr.
E as milhas dez de fértil terra
Cingiam-se em fortins de guerra:
E nos jardins corriam os canais
Por incenseiros sempre a florescer;
E bosques como os montes, ancestrais,
Que o verde ensolarado ia envolver.

         E, ah! a fraga romântica inclinada
         Outeiro abaixo, de um cedral frondoso!
         Visão selvagem! Sacra e encantada,
         Como a minguante, de uivos assombrada,
         Da jovem por seu infernal esposo!
         E um caos da fraga irrompe, fervilhando,
         Como se fosse a própria terra arfando,
         Estouram fortes fontes, que, em momentos,
         Num jato atiram colossais fragmentos:
         Em arco qual granizo ao chão caído,
         Ou grão com joio no mangual moído:
         E em meio às rochas nessa grande dança
         Perene, logo o sacro rio se lança.
         Por cinco milhas na dedálea ida,
         Por bosque e vale, o rio, em seu afã,
         Cruzando grutas amplas e anciãs,
         Afunda em ruído na maré sem vida.
         E nesse ruído Kubla veio ouvir
         A guerra, em voz profética, por vir!

         A sombra do domo de prazer
         Vai pairando sobre as vagas;
         Onde ouvia-se o som crescer
         Pelas fontes, pelas fragas.
Era um milagre do mais raro zelo,
Um domo ao sol com grutilhões de gelo!
         E o que em visão foi-me mostrado:
         Saltério à mão, com voz sonora,
         Era abissínia a donzela
         E, com seu saltério, ela
         Cantava sobre o Monte Abora.
         Se o seu canto e sinfonia
         Pudesse em mim eu reavivar,
         Tal júbilo me venceria
Que co’a canção iria, no ar,
Erguer o domo ensolarado,
O domo! O grutilhão glacial!
E a todos seria mostrado:
Diriam, Cuidado! Cuidado!
O olho em luz, cabelo alado!
O olhar cerre em temor freiral,
E três voltas teça ao redor,
Pois que ele sabe o sabor
Do mel, do leite Celestial.

(tradução de Adriano Scandolara)

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JULGAR

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto” (Rui Barbosa)

No Japão há um templo que projeta no frontispício as estátuas de três macacos de pedra preciosa, um trio que forma um conjunto inseparável. Os símios usam as duas mãos para cerrar a boca, fechar os olhos e tapar as orelhas. Essas figuras são encontradas hoje como bibelôs em qualquer loja de R 1,99.

É um simbolismo que representa a maneira Zen de fugir à responsabilidade de avaliar, tirar conclusões e julgar o que de real se lhes apresenta. “Não ouça, não veja e não fale. Não sei se os deuses e seus profetas interpretam assim. Creio que não, porque todas as religiões do mundo falam de um julgamento divino nas acepções jurídica, psicológica e religiosa.

Está escrito em Sânscrito e nos chegou através do latim, o verbo Julgar, duplicado em transitivo direto e intransitivo; o “judicare” (julgar) é formado por Jus, “lei, direito”, mais Dicere, “dizer, falar”, significando tomar decisão, deliberar na qualidade de juiz, ou formar conceito, emitir parecer, opinião sobre alguém ou algo.

A nossa cultura ocidental miscigenada com o judaísmo e sacramentada pelo cristianismo expõe como ideal de Justiça os julgamentos conforme o Rei Salomão, que se encontra no primeiro livro dos Reis 3,16-28 este exemplo de isenção e sabedoria.

Todo mundo ouviu um dia a história de Salomão julgando a causa de duas mulheres, que haviam parido ao mesmo tempo e o filho de uma delas foi natimorto. Restando apenas um bebé, ambas reivindicaram a maternidade dele.

Resolvendo a questão Salomão decidiu cortar a criança ao meio e que cada mulher ficasse com uma parte. Uma delas disse: – Ah, meu senhor! Dês o menino vivo, não o mateis. A outra, porém, disse: Já que não será meu, nem teu; dividi-o.

O sábio juiz distinguiu que a verdadeira mãe era aquela que impediu a morte do filho e deu-lhe a posse, enquanto condenou à morte a falsária.

A degenerescência dos costumes herdadas do totalitarismo desumano e a concepção maniqueísta criada pela guerra fria, incentivou o egoísmo, a disputa desregrada pelo poder político e a corrida insana pelo dinheiro. Isto feriu as tradições de respeito humano, subvertendo os conceitos de moral e ética.

Esta revolução nos costumes do século XX envolveu arbitrariamente a todo mundo, e no Brasil, tornou-se inseparável da ganância política e do favoritismo jurídico. Os políticos – em sua maioria – tornaram-se desonestos; e os magistrados – pelos desonestos nomeados – fugiram à responsabilidade de julgar.

Uma ideologia desmembrada de princípios, mesmo aleijada expõe a Justiça a uma tortura diária. Neste momento em que escrevo, milhares de crimes são cometidos; a violência contra a mulher e a criança, o tráfico de drogas, a formação de quadrilhas, o roubo e o assassinato fazem parte do nosso cotidiano.

O culto da justiça como o alicerce fundamental da República e da Democracia está sendo trocado pela paixão partidária, subserviência, interpretação restritiva e prevaricação jurídica, por culpa de alguns juízes

Por defender os poderosos, a Justiça está moribunda. Sua túnica pregueada e os olhos vendados são a própria mortalha, sem a espada e a balança; assim será enterrada em vala comum como indigente e dispensável, sem choro, nem vela…

Esta situação faz-me lembrar Rui Barbosa. Os magistrados envolvidos em tramoias não escaparão ao ferrete de Pilatos: “O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde! ”

DIETA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“É uma experiência eterna de que todos os homens com poder são tentados a abusar” (Montesquieu)

Dicionarizada, a palavra “Dieta” é substantivo feminino, usado como termo medicinal como regime alimentar prescrito pelo médico a um doente ou a um convalescente; e também como receita de emagrecimento.

Aliás, a dietética dissocia “dieta” de “regime”. Para eles, a dieta é uma mudança de hábitos alimentares, e o regime é uma restrição de alimentos sólidos e líquidos para obter um resultado em curto prazo para o emagrecimento.

É interessante irmos à etimologia do termo “dieta”, do antigo grego diaita, tem um sentido econômico, com significado de ficar empobrecido; não difere muito do sentido de “perder peso”…

Tanto uma versão como a outra ensina a comer. Para o emagrecimento existem um sem números de dietas, que os nutricionistas científicos sugerem aos seus pacientes e, multiplicadas por mil na interpretação de nutricionistas amadores.

Há um tipo de “dieta”, a japonesa que promete eliminar mais de 6 kg em apenas 1 semana – está no Google – e é interessante que a palavra dieta também indica lá o parlamento, a Dieta Nacional do Japão (国会, Kokkai), bicameral, composto da Casa dos Representantes e a Câmara dos Conselheiros, que indicam ao Imperador um Primeiro Ministro.

Nos dias que atravessamos, preconceitos de toda espécie, as moiçolas andam tão magras que parecem um louva deus; acreditam no disse-me-disse que os homens preferem as magras… Por outro lado, os dietistas “politicamente corretos” aterrorizam as pessoas, dizendo que os gordos morrem mais do que os magros.

Teve até um alucinado que escreveu que “a cada hora que passa, toda gordura em excesso diminui na sua vida uma batida do coração”.  Assim, o estudo das calorias entrou na moda e existem pessoas que as veem num simples cone de sorvete.

Saindo do politicamente correto para outro tipo de politicagem, devia-se aconselhar, isto sim, aos nossos políticos abstinência, jejuns e restrições, para os excessos dos corruptos, expressa na célebre palavra do ex-governador do Rio, amigo e parceiro de Lula, quando se expressou: “abusei”.

O abuso é, em todos os casos, seja em termos biológicos ou no exercício da política, sempre um mal. É revoltante constatar que isto acontece nos dias sombrios que atravessamos, com um governo fraco se debatendo para sair da crise deixada pela incompetente e irresponsável Dilma Rousseff.

A cidadania observa igualmente o estrebuchar do lulopetismo, cujo comprometimento com a corrupção, revolta e arrepia. Às vésperas do julgamento que deverá sentenciar o cultuado chefe do narcopopulismo brasileiro, a Nação fica na expectativa da sua prisão e perda dos direitos políticos.

Jejuno de patriotismo – transferiu o dinheiro resultante do trabalho, das lágrimas e do sacrifício do povo para ditaduras estrangeiras -, Lula, obeso de ganância e amoralismo, deve ser condenado a uma dieta política prisional para o bem do País.

E não se pode ver “um golpe” na punição de um culpado por uma série de delitos cometidos já descobertos e um sem número por descobrir. Foi fácil a dieta para engordar consumindo áureas calorias com o dinheiro público, por que, como diz o pensador Edmund Burke, “quanto maior o poder, mais perigoso é o abuso”.

Também não será difícil corrigir os abusos seguindo uma dieta atrás das grades para emagrecer da gordura trans da maldade acumulada, e corrigir os excessos.

Ferreira Gullar

Não há Vagas

 

O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão

 

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

 

— porque o poema, senhores,

está fechado:

“não há vagas”

 

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

 

O poema, senhores,

não fede

nem cheira.